Presidente da BP Portugal também vai gerir combustíveis em Espanha
Pedro Oliveira vai ser responsável pela rede da BP na Península Ibérica, que já tem mais de mil postos de abastecimento.
À gestão dos 410 postos da rede de combustíveis no mercado português, o presidente da BP Portugal, vai somar, a partir deste mês, a dos cerca de 630 postos que o grupo BP detém no mercado espanhol. Isto porque a condução das redes de retalho dos países vai passar a ser feita de forma integrada, revelou Pedro Oliveira ao PÚBLICO.
“Não é nada de disruptivo”, numa organização que “tem portugueses a gerir para o lado de lá e espanhóis a gerir para o lado de cá”, mas é “uma honra”, reconheceu o gestor, que em Espanha terá como concorrente directa a portuguesa Galp. Nos dois mercados, os principais concorrentes da BP são os mesmos, o que muda é a posição relativa das empresas. Enquanto em Portugal a BP ocupa a segunda posição no mercado (atrás da Galp) em Espanha, a liderança cabe às espanholas Repsol e Cepsa (que aqui têm o terceiro e quarto posto) e a competição pelo terceiro lugar trava-se entre a BP e a Galp, que têm cerca de 8% do mercado.
Quem está em vantagem na disputa? Em Espanha, a Galp “é uma empresa muito diferente, não é incumbente, nem tem uma refinaria”, frisou Pedro Oliveira. Pelo contrário, a BP Espanha “tem uma refinaria de 200 mil barris diários, extraordinariamente eficiente”, adiantou o gestor.
Sem querer detalhar metas de desenvolvimento da rede de retalho em Espanha, o gestor adiantou que, para Portugal, foram sendo definidos patamares de crescimento (apostando em acordos com revendedores) porque a rede tinha que atingir “uma determinada dimensão” que a tornasse atractiva para “parceiros de fidelização”, como é o caso dos cartões de desconto do Pingo Doce. Em Espanha o mandato é o de fazer “crescer o negócio numa lógica sustentável” e isso volta a passar pela aproximação à grande distribuição, admitiu.
A CEPSA tem uma parceria com o Carrefour, a Repsol com o Corte Inglés, e a BP Espanha “está a desenvolver negociações com outros parceiros”, porque “o futuro do negócio de combustíveis e da distribuição alimentar passa inevitavelmente por fidelizar em bases de clientes comuns”.
Sobre a evolução do consumo de combustíveis em Portugal, Pedro Oliveira não consegue esconder alguma apreensão. Apesar de notar que a BP “está crescer marginalmente acima do mercado” como um todo e que os dados apontam para que este tenha evoluído 1,6% até Setembro, diz que é preciso “olhar com atenção”. “Entre Abril até à data de hoje, o mercado está completamente estável, apesar de um fortíssimo arranque no primeiro trimestre”. Para o presidente da BP Portugal, a explicação é óbvia: a “correlação directa” entre o arrefecimento económico e a venda de combustíveis.
Quanto à BP Portugal, a expectativa para este ano “é a de facturar bem acima dos 1100 milhões de euros” de 2015, mas esse é um dado que o gestor entende ser pouco relevante no negócio dos combustíveis: “Dois terços da facturação são impostos e outra parte muito significativa é algo que também não controlamos, que é o preço dos refinados, portanto, isto não é como gerir um supermercado, onde se influencia claramente o preço”. Daí que prefira falar em litros e dizer que a empresa vai vender mais do que os 800 milhões de litros de combustível vendidos em 2015.