Pensões mais baixas aumentam menos de dois euros por mês
Actualização extraordinária será aplicada por pensionista, independentemente do número de reformas que receba.
As pensões até 263 euros, que entre 2011 e 2015 foram actualizadas pelo executivo de Passos Coelho, terão um aumento inferior a dois euros mensais no próximo ano. Em causa estão os pensionistas do primeiro escalão das pensões mínimas da Segurança Social (que recebem 263 euros) e da Caixa Geral de Aposentações, quem recebe pensão social (202,43 euros) e quem tem uma reforma ao abrigo do regime especial das actividades agrícolas (242,79 euros). No próximo ano, estes pensionistas, que serão à volta de 540 mil, apenas terão um aumento em linha com a inflação, ficando excluídos da actualização extraordinária de dez euros prometida pelo Governo.
De acordo com os cálculos feitos pelo PÚBLICO (e tendo por base a taxa de inflação de 0,7% assumida pelo Governo), uma pessoa com uma reforma de 263 euros – e que tenha beneficiado de aumento nos últimos anos – receberá a partir de Janeiro mais 1,82 euros por mês, que se traduzirão em 25 euros anuais. Já quem recebe uma pensão social de 202,34 euros verá o seu rendimento mensal aumentar em 1,42 euros o que, multiplicado por 14 meses (incluindo o subsídio de férias e de Natal), resultará em pouco mais de 19 euros anuais.
A situação destes reformados contrasta com o que irá acontecer a 1,5 milhões de pensionistas que têm reformas entre os 275 e os 628 euros e que, além do aumento resultante da inflação que será feito em Janeiro, terão uma actualização adicional em Agosto.
A título de exemplo, uma pessoa com uma pensão de 280 euros receberá um aumento mensal de 1,96 euros logo em Janeiro (em linha com a inflação) e mais 8,04 euros em Agosto, de modo a perfazer um total de dez euros. Fazendo a conta à totalidade do ano, serão mais 64 euros no bolso.
O Governo justifica a exclusão de meio milhão de pensionistas do aumento extraordinário com o facto de eles terem sido os únicos a beneficiar, durante o período da troika, de aumentos; enquanto os outros viram as suas reformas congeladas. O objectivo é “repor o poder de compra aos pensionistas cujas pensões não foram actualizadas” nos últimos anos, explica fonte oficial do Ministério do Trabalho e da Segurança Social ao PÚBLICO.
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Olhando para o que aconteceu aos reformados que ficam fora do aumento extra, a diferença entre a pensão que recebiam em 2010 e a que tinham em 2015 oscila entre os 12 e os 15,31 euros. Ou seja, o aumento médio anual foi muito inferior a dez euros.
O aumento extraordinário, esclareceu ainda o ministério de Vieira da Silva, será dado por pensionista. “A lógica do aumento das pensões é que seja por pensionista e não por pensão”, precisou fonte oficial. Isto significa que uma pessoa que receba uma pensão de velhice de 400 euros e outra de sobrevivência de 300 euros não terá um aumento de dez euros por cada uma, mas sim pelo conjunto das duas.
Em 2017, a fórmula de actualização das pensões prevista na lei será descongelada em Janeiro, o que permitirá que todas as pensões até 838 euros aumentem em linha com a inflação. No escalão seguinte, entre os 838 e os 2515 euros, o aumento será de 0,2%. Contudo, isso só acontecerá se a inflação assumida pelo Governo se confirmar no final do ano, porque a fórmula prevê que aos 0,7% sejam retirados 0,5 pontos.