Número de passageiros da Easyjet em Portugal sobe quase 23%

Companhia low cost critica ANA por novo aumento das taxas aeroportuárias e pede mais “sensibilidade” à gestora da infra-estrutura.

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Companhia quer atingir mais de 4,7 milhões de passageiros em Portugal este ano AFP PHOTO/FABRICE COFFRINI

O número de passageiros transportados pela Easyjet em Portugal aumentou 22,6% no semestre que terminou em Março para um total de 2,2 milhões, adiantou nesta terça-feira ao PÚBLICO José Lopes, director comercial da companhia para o mercado nacional. O crescimento da procura superou largamente o da oferta, que foi reforçada em 420 mil lugares nesse período (mais 6,5%).

De acordo com o responsável, os resultados obtidos em Portugal permitem à transportadora low cost britânica acreditar que será possível ultrapassar as metas de tráfego para este ano: atingir cinco milhões de passageiros, maioritariamente em Lisboa (dois milhões).

“Estamos bastante optimistas”, referiu José Lopes, acrescentando que o crescimento do tráfego é explicado pelo reforço da oferta, mas também “pelo potencial de crescimento de Lisboa e do Porto como destinos preferenciais para os city breaks e pelo relançamento dos destinos Funchal e Faro”. Além disso, o director comercial da Easyjet explicou que Portugal continua a beneficiar da instabilidade no Norte de África, ganhando turistas que antes escolhiam estes mercados. “Portugal oferece qualidade, mas também segurança”, frisou.

Para os próximos meses, a companhia já lançou 470 mil novos lugares, distribuídos por novas rotas (como Faro-Lyon), mas também pelo reforço de frequências já existentes. A expectativa é que, até ao final do ano fiscal, que terminará em Março de 2017, a procura aumente 21,8% em Portugal.

Low cost pede mais “sensibilidade” à ANA

De acordo com José Lopes, a gestora aeroportuária ANA, vendida ao grupo francês Vinci em 2013, prepara-se para aumentar novamente as taxas aeroportuárias em Janeiro de 2017, na ordem dos 5%. O director comercial da Easyjet garantiu ao PÚBLICO que houve já uma reunião em que essa intenção foi abordada, iniciando-se em breve o processo de consulta pública.

“A mensagem da ANA é que a estratégia continua a seguir a mesma linha, a de maximizar o que o modelo regulatório lhe permite”, referiu. Recorde-se que o regulamento em vigor, aprovado aquando da privatização da gestora aeroportuária, permite que as taxas acompanhem a evolução do tráfego, mas as companhias de aviação têm criticado o nível a que chegaram.

O director comercial da Easyjet critica sobretudo o facto de estas revisões em alta acontecerem “num momento em que a conjuntura europeia não é positiva”, sobretudo fruto dos impactos negativos que os atentados na Europa têm provocado à indústria da aviação.

E, por isso, pede à ANA que “não concentre todo o esforço de consolidação e de crescimento às custas das companhias de aviação”, pedindo à gestora aeroportuária que “tenha mais sensibilidade”. Ao mesmo tempo, José Lopes exige um regulador do sector “mais forte”, lamentando que “esteja um pouco de mãos atadas” neste tema.

Grupo passa de lucros a prejuízos

No semestre que terminou a 31 de Março, a Easyjet teve, em termos globais, prejuízos de 20 milhões de libras (25,7 milhões de euros, ao câmbio actual), o que compara com os lucros de cinco milhões de libras (6,4 milhões de euros) registados no período homólogo.

O agravamento foi justificado, em grande parte, pelos efeitos negativos dos atentados de Paris e de Bruxelas e pela supressão dos voos de Sharm el-Sheikh, no Egipto. De acordo com José Lopes, os impactos cifraram-se em 81 milhões de libras.

Além disso, os resultados também foram penalizados pelas taxas de câmbio desfavoráveis. Expurgando este efeito, o director comercial da Easyjet referiu que a empresa teria gerado lucros em linha com os de 2015, acrescentando que as contas também foram penalizadas pela greve dos controladores aéreos em França.

As receitas, no entanto, aumentaram 0,3% para 1771 milhões de libras (perto de 2280 milhões de euros), confirmando o sexto ano consecutivo de subida de vendas. E o número de passageiros cresceu 7,4%.

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