Ministra do Mar diz que greve dos estivadores custa 100 mil euros por dia

Ana Paula Vitorino nomeou Lídia Sequeira, que presidiu o Porto de Sines, para assumir administração conjunta dos portos de Lisboa e Setúbal.

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PÚBLICO/Arquivo

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, mandatou a nova administração do Porto de Lisboa para “retomar a sua viabilidade com o que estiver ao seu alcance”. A economista Lídia Sequeira, que representou o Governo durante as negociações entre operadores portuários e estivadores, é quem vai perseguir esse objectivo ao assumir a presidência conjunta dos portos de Lisboa e Setúbal

Sem contestar os números que foram avançados pelos operadores portuários, como estimativa de perda de facturação (e que ronda os 300 mil euros por dia, como noticiou o PÚBLICO), Ana Paula Vitorino apontou para 100 mil euros o prejuízo diário a nível nacional. “Fizemos um balanço a nível nacional, com transferência de carga e aumento dos custos dos outros portos e, conseguindo ponderar alguns dos que são os prejuízos directos sobre as empresas, chegámos à conclusão de que existe no mínimo um prejuízo a nível nacional de 100 mil euros", referiu a ministra, à margem do encontro Triângulo Estratégico: América Latina-Europa-África.

"A considerar que esta paralisação, no âmbito de um conflito "que se prolonga há quatro anos", põe em causa a "sustentabilidade do Porto de Lisboa" e "afecta a economia nacional", a ministra reconheceu que "a razão nunca está só de um lado mas existem limites que não podem ser ultrapassados". E precisou: "Um limite que não podia ser ultrapassado já foi, pôr em causa a viabilidade económica do Porto de Lisboa. O mandato que a nova administração tem é retomar a viabilidade do Porto de Lisboa e poderá fazê-lo com o que estiver ao seu alcance do ponto de vista legal".

Ana Paula Vitorino sublinhou que, "ao contrário de outros", o Governo não está a violar a lei da greve ou a legislação aplicável em nenhuma das áreas. "A viabilidade do Porto de Lisboa tem de ser recuperada cumprindo a lei e para isso os terminais têm de funcionar. Ou funcionam ou têm de se arranjar alternativas", assinalou.

Reputação sólida

Economista, com 72 anos, Lídia Sequeira tem uma reputação sólida no sector portuário. É-lhe sobretudo reconhecido o trabalho no Porto de Sines, cuja presidência assumiu entre 2005 e 2013. Na altura em que assumiu a presidência da Administração do Porto de Sines (APS), a infra-estrutura portuária alentejana era um “elefante branco”, como muitos lhe chamavam. Em 2012, um ano antes de ser substituída na presidência da APS por João Franco, foi considerada como a melhor gestora pública nacional pela Comissão de Avaliação dos “Best Leader Awards 2012”. Actualmente, o Porto de Sines já é responsável por mais de 50% do movimento portuário nacional.

O desafio que esta gestora agora enfrenta passa por voltar a trazer o Porto de Lisboa para um caminho de crescimento, sendo que a greve dos estivadores em curso é um entrave sério a esse objectivo. A fusão dos portos de Lisboa, Sesimbra e Setúbal, anunciada no programa do Governo, tem como objectivo inverter a tendência da quebra de actividade destes portos.