FMI vê Portugal a divergir da Europa por mais cinco anos
Portugal entre os países onde o FMI vê um menor potencial de crescimento na Europa a curto e médio prazo.
A economia portuguesa vai abrandar neste ano e nos próximos, prolongando pelo menos até 2021 o período de divergência que tem vindo a registar face ao resto da zona euro, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Nas Previsões de Primavera publicadas esta quarta-feira, o Fundo reafirmou as estimativas para a economia portuguesa que já tinha feito na semana passada quando publicou a sua terceira avaliação pós-programa ao país. Na entidade sedeada em Washington não se acredita na possibilidade de, nas actuais circunstâncias, Portugal conseguir acelerar a sua economia, como espera o Governo.
A previsão é de um crescimento de 1,4% este ano, o que representa um ligeiro abrandamento face aos 1,5% do ano passado. A tendência mantém-se nos anos seguintes com Portugal a não conseguir mais do que uma variação do PIB de 1,3% em 2017, segundo os cálculos do FMI.
O relatório faz ainda uma projecção a mais longo prazo, colocando a economia portuguesa a crescer a um ritmo ainda mais baixo em 2021: 1,2%.
Quando se compara estes números com a previsão feita pelo Fundo para o total da zona euro, conclui-se que a instituição liderada por Christine Lagarde aponta para o prolongamento, por pelo menos mais cinco anos, da divergência de Portugal face aos seus parceiros na moeda única.
Depois de, em 2014, o crescimento em Portugal e na zona euro ter sido o mesmo (0,9%), em 2015, regressou-se à divergência, com os países da moeda única a crescerem 1,6%, mais 0,1 pontos percentuais que Portugal.
Depois, apesar de o Fundo também estar pouco optimista em relação à evolução da economia europeia, o ritmo de crescimento da zona euro permanece acima do português, sendo a diferença prevista para 2021 de 0,3 pontos percentuais.
A opinião diversas vezes expressa pelos responsáveis do Fundo em relação a Portugal em relatórios anteriores (principalmente a partir da saída da troika do país em meados de 2014) é a de que, sem um novo impulso reformista, o potencial de crescimento da economia se irá manter muito baixo. Nessas circunstâncias, e tendo em conta que Portugal está a beneficiar neste momento de uma conjuntura favorável ao nível das taxas de juro, do valor do euro e do preço do petróleo, a tendência no futuro será para um abrandamento para ritmos de crescimento ainda mais baixos. Algo que ainda ganha mais força quando se verifica que em muitos dos principais parceiros comerciais de Portugal a perspectiva é igualmente de uma redução do ritmo de crescimento.
Ainda assim, o FMI prevê para Portugal uma descida da taxa de desemprego para 11,6% em 2016 e de 11,1% em 2017, ao mesmo tempo que a balança externa se mantém positiva em 0,9% do PIB em 2016 e 0,4% em 2017.