Correia de Campos avisa: desistir da concertação social “seria um desastre”

Candidato à presidência do Conselho Economico e Social vai a votos nesta quarta-feira no Parlamento e garante que não deixará ninguém manipular o diálogo social.

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Correia de Campos promete isenção à frente do CES Enric Vives-Rubio

O candidato à presidência do Conselho Económico e Social (CES), António Correia de Campos, deixou nesta terça-feira um apelo às centrais sindicais e às confederações patronais para que não desistam da concertação social e garantiu que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover o diálogo social.

“O que procurarei fazer é lembrar aos parceiros todos e ao Governo, naturalmente, que ninguém pode desistir da concertação, nem pôr a concertação entre parêntesis. Isso seria um desastre”, disse durante uma audição conjunta com os deputados das comissões parlamentares da Economia e do Trabalho, na véspera da votação do seu nome para ficar à frente daquele organismo.

Durante quase duas horas, Correia de Campos foi questionado pelos deputados sobre o rumo que pretende dar ao CES e foi confrontado com as críticas do PSD e do CDS, que acusam o Governo de “menorizar” o papel da Comissão Permanente de Concertação Social (que está sedeada no CES, mas é presidida pelo primeiro-ministro) a favor do Parlamento, e do desconforto dos representantes dos patrões em relação à forma como o diálogo social tem decorrido,

Correia de Campos começou por responder que “ninguém pode manipular a concertação social a favor de interesses sectoriais”. Mas, “se existe um risco de instrumentalização (…) o meu papel é lembrar-lhes [aos parceiros] que devem fugir desse risco”, garantiu.

“O que vos posso prometer é que o meu passado não é muito susceptível de ser manipulado”, acrescentou.

O antigo ministro da Saúde do PS defende que o CES “tem de ser um ponto de equilíbrio da sociedade" portuguesa e deixou algumas pistas em relação à marca que pretende deixar, caso a eleição para o cargo se confirme. “O crescimento e o emprego são os dois principais problemas do nosso país. Julgarei o meu mandato no CES pela capacidade que tiver de contribuir, ainda que minimamente, para o crescimento económico e para o aumento do emprego”, prometeu.

Os deputados tentaram que Correia de Campos se pronunciasse sobre temas da vida nacional, mas o ex-eurodeputado evitou responder. “Não posso tomar uma posição. Todo o cuidado será pouco para poder extrair dos parceiros e da sua vontade os acertos e consertos necessários” para se chegar consensos, disse apenas, garantindo que, embora não tenha perdido as suas “vestes políticas”, vai garantir o dever de isenção inerente ao cargo a que se candidata.

O nome de Correia de Campos foi acordado entre PSD e PS, substituindo o social-democrata Luís Filipe Pereira, que assumiu a presidência do CES após a saída de Silva Peneda, que renunciou ao cargo para ir trabalhar com o presidente da Comissão Europeia. A eleição do presidente do CES decorre nesta quarta-feira e depende de uma maioria de dois terços dos deputados.

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