"Compromisso Portugal" apresenta-se ao país real
Bragança foi a cidade escolhida pelos promotores do movimento civil "Compromisso Portugal" para o arranque de um "road show" cujo objectivo é estimular a iniciativa empresarial e debater um novo modelo económico para o país.Serão pelo menos seis as cidades/pólos universitários que os dinamizadores do movimento - António Carrapatoso, presidente da Vodafone, Diogo Vaz Guedes, presidente da Somague, António Mexia, presidente da Galpenergia e Jorge Armindo, presidente da Portucel - querem visitar este ano para partilhar com os locais as causas do "Compromisso Portugal" e as 50 propostas que apresentam para a criação de um novo modelo de desenvolvimento económico, assente na necessidade de mudança e agilização da economia. Os promotores querem visitar sobretudo regiões periféricas. Évora e Aveiro serão, contudo, as próximas cidades a acolher a iniciativa, que terminará em Outubro, com uma convenção destinada apresentar experiências internacionais, onde deverão estar presentes responsáveis de vários países, adiantou Vaz Guedes. Bragança, que se orgulha de ser a cidade portuguesa mais próxima do centro da Europa, recebeu ontem no Instituto Politécnico António Carrapatoso, Vaz Guedes e Jorge Armindo, perante uma plateia de estudantes universitários, alguns empresários e responsáveis de instituições da região, nomeadamente o presidente da Câmara. Expuseram os objectivos do "Compromisso Portugal" e partilharam experiências profissionais, salientando que é preciso criar competências específicas para cada região. Deixaram ainda no ar a ideia de que acreditam nas pequenas e médias empresas e que é necessário acabar com o individualismo e promover uma maior associação entre as instituições para ganhar dimensão e conseguir competir num mercado global.Carrapatoso, apontado como o líder do movimento, defendeu que as privatizações e os concursos públicos deviam ter a preocupação de garantir centros de competência em todo o país e não apenas os centros de decisão. "Mais importante que discutir a nacionalidade do dinheiro é assegurar que todo o país tenha centros de competência, de modo a evitar as assimetrias regionais", acrescentou.O movimento, que conta já com 400 promotores e tem como um dos objectivos estimular as pessoas a agir empresarialmente e a promover a mudança, deverá extinguir-se, pelo menos na sua forma actual, em Outubro. Os dinamizadores reafirmaram que não estão no projectos por ambição política ou profissional, mas apenas como cidadãos. Embora Carrapatoso tenha acabado por dizer: "No futuro próximo não tenho ambições políticas, mas pode ser que dentro de alguns anos venha a abraçar projectos públicos."Bragança quer ser um "cluster" ecoenergético e está a desenvolver um conjunto de projectos que a tornarão uma cidade-piloto na Península Ibérica nesta área. O projecto está ainda numa fase embrionária, mas a Câmara já se candidatou a fundos comunitários e está preparar-se para apresentar várias proposta no âmbito do próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA), avançou ontem o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes.A autarquia, afirmou, em associação com o Instituto Politécnico de Bragança, as universidades de Vigo e de Valladolid, as associações de municípios de Trás-os-Montes, o parque tecnológico da Holanda e a autarquia de Zamora, pretende criar para região um importante 'cluster' ecoenergético. E já pediu ao abrigo do programa comunitário Interreg 3 C - para as regiões transfronteiriças - 1,3 milhões de euros com o objectivo de aprofundar o estudo sobre este "cluster" e definir as áreas prioritárias de investimento.A Câmara quer aproveitar os fundos do próximo QCA para apoiar a construção da cidade ecoenergética e o referido "cluster", cujos valores de investimento Jorge Nunes diz que ainda não estão determinados. O tecnopólo ecoenergético, um parque de tecnologia, ciência e investigação, será o primeiro projecto a avançar. O objectivo é criar em Bragança competências científicas e tecnológicas que posteriormente atraiam projectos empresariais. Com uma área de 45 hectares, para o tecnopólo está prevista a construção de um núcleo duro de inovação e competência, um núcleo empresarial e tecnológico e um núcleo turístico, acrescentou. Para já, a autarquia irá avançar com um investimento de 650 milhões de euros para instalar, em colaboração com o Instituto Politécnico, uma rede wi-fi (Internet de alta velocidade sem fios) na cidade.