Usain Bolt: “Em termos de campeonatos, acho que sou imbatível”
A prova, o fim de uma carreira olímpica e o futuro: seis perguntas ao gigante do atletismo.
“Espero ter colocado a fasquia suficientemente alta para que ninguém consiga repetir o feito”, declarou Usain Bolt, na madrugada deste sábado, depois de ter obtido no Rio de Janeiro a sua nona medalha de ouro olímpica ao longo de três edições dos Jogos (2008, em Pequim, 2012, em Londres e agora em 2016).
Com as suas nove medalhas de ouro, o atleta jamaicano junta-se ao finlandês Paavo Nurmi, que competiu na década de 1920 em provas de meio fundo, e ao norte-americano Carl Lewis, que durante as décadas de 1980 e 1990 se destacou nas mesmas provas de Bolt e no salto em comprimento.
Mas o atleta jamaicano foi o único a vencer exactamente as mesmas provas de atletismo – 100m, 200m e as estafetas de 4x100m – em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos.
Ganhou nove medalhas de ouro em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos. Como se sente?
Está feito, é um alívio. Estou feliz por mim, de ter conseguido tanto, estou apenas orgulhoso. Nunca pensei que conseguisse fazer o triplo/triplo nos Olímpicos. A primeira vez que ganhei as três medalhas fiquei simplesmente feliz, a segunda vez foi ultrapassar um desafio e consegui-lo agora pela terceira vez é algo incrível. Espero ter colocado a fasquia suficientemente alta para que ninguém consiga repetir o feito. As pessoas estão sempre a perguntar-me se sou imbatível. Quando falamos em termos de campeonatos, acho que sou imbatível.
Como foi a prova?
Assim que agarrei no testemunho [como último elemento da equipa], soube que tinha ganho porque não havia ninguém ao meu lado que, verdadeiramente, fosse mais rápido do que eu. Antes da prova, falei com a equipa e disse-lhes: ‘Vamos passar o testemunho [correctamente], vamos ser adultos.’ Passámos sempre o testemunho, talvez nem sempre na perfeição, mas assim que o bastão chegou às minhas mãos, então seria diferente.
Qual é a receita do seu sucesso?
Trabalhar, suar e fazer sacrifícios. Fiz muitos sacrifícios ao longo dos anos.
Como se sente, agora que a sua carreira olímpica terminou?
Sempre soube que isto iria acontecer. É uma mistura de sentimentos. Não tenho forma de descrever esta vitória tripla. Vou ter saudades deste desporto e dos Jogos Olímpicos, porque para qualquer atleta os Jogos Olímpicos é o maior evento desportivo de todos. Mas provei aqui que sou o maior atleta deste desporto e para mim a missão está cumprida.
Arrisca-se a perder uma das medalhas, devido à prova de estafetas em 2008 onde o atleta jamaicano Nesta Carter deu positivo no controlo antidoping. O que sente em relação a essa possibilidade?
Isso não mudará em nada a herança que deixo. Com certeza que ficarei triste se perder essa medalha, mas é a vida. Que posso fazer? Não tenho qualquer controlo em relação a isso. Estamos no caminho certo no combate ao doping no atletismo. Tenho confiança na Agência Mundial Antidoping e na Federação Internacional de Atletismo, eles fazem um bom trabalho.
O que se segue para si?
[Usain Bolt olha para o seu agente e ri-se] Nada. Preciso de novos objectivos. Terei agora férias e descanso.