Um golo gravará mais um recorde num currículo já recheado
Cristiano Ronaldo pode tornar-se o melhor marcador das fases finais do Euro se marcar na final. Deixaria para trás Michel Platini, que estaria no Stade de France se não tivesse sido suspendo de toda a actividade no futebol.
Não tivessem surgido os problemas com a justiça que levaram à sua suspensão de toda a actividade no futebol, e esta noite Michel Platini estaria no Stade de France, na qualidade de presidente da UEFA, para assistir à final do Euro 2016. E, quem sabe, para testemunhar ao vivo o momento em que um recorde seu, talvez o mais emblemático, será batido. O francês era o melhor marcador de sempre em fases finais do Europeu, com nove golos (todos apontados no torneio que a França organizou e venceu, em 1984), mas já foi alcançado por Cristiano Ronaldo. Se logo fizer um golo, o “capitão” português isola-se no topo da hierarquia e adiciona mais um recorde ao currículo.
Michel Platini completou 29 anos durante o Euro 1984 e contribuiu com nove golos para uma caminhada que só terminou com o troféu de campeão europeu. O francês fez golos em todos os jogos disputados pelos “bleus” na competição: um à Dinamarca, três à Bélgica, outros três à Jugoslávia, um a Portugal (a desempatar, no prolongamento, o encontro das meias-finais) e mais um à Espanha, na final disputada no Parque dos Príncipes. E, ainda que nunca ninguém se tenha aproximado do seu registo numa só edição do Europeu – Marco van Basten fez cinco em 1988, tal como Alan Shearer (1996), Patrick Kluivert e Savo Milosevic (ambos em 2000) e Milan Baros (2004) – era uma questão de tempo até o recorde cair. “O meu recorde vai ser batido. Tive outros recordes, como o do maior número de golos marcados pela França (41) ou de Bolas de Ouro (três) e também foram batidos”, reconhecia antes do início do Euro 2016.
Havia dois fortes candidatos a derrubar o recorde de Platini: Zlatan Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo, com seis golos cada um em fases finais do Europeu, corriam por esse lugar na história. Mas o sueco despediu-se prematuramente do torneio (e sem fazer qualquer golo), enquanto o português já marcou três golos e igualou os nove de Platini. Um golo na final basta para Cristiano Ronaldo ultrapassar o francês e garantir (mais) um lugar na história.
Dizer que a carreira de Cristiano Ronaldo tem sido feita de recordes é dizer pouco, porque é fácil perder a conta às marcas atingidas pelo futebolista de 31 anos. Já é o maior goleador da história da selecção portuguesa (61 golos) e quem mais jogos disputou com a camisola da equipa nacional (132 internacionalizações) – Platini marcou 41 vezes em 72 jogos pela selecção francesa. O madeirense apontou o seu primeiro golo numa fase final do Europeu aos 19 anos, na derrota frente à Grécia, por 1-2, na abertura do Euro 2004. Nesse torneio de má memória para a equipa portuguesa ainda marcou mais um golo, na meia-final frente à Holanda (2-1).Juntou-se-lhe um golo no Euro 2008 (no 3-1 à República Checa) e três no Euro 2012 (dois à Holanda na primeira fase e um à República Checa nos quartos-de-final). Os “bis” frente à Hungria, na fase de grupos do Euro 2016, e o golo marcado ao País de Gales, na meia-final, completaram as contas. Ele é o único futebolista a marcar golos em quatro fases finais do Euro.
“É sempre bom [bater recordes], sinto-me feliz, porque é resultado do meu trabalho, mas o mais importante foi a equipa ter jogado bem”, destacou Cristiano Ronaldo no final do triunfo que colocou Portugal na final do Campeonato da Europa, sublinhando que estas coisas “surgem de uma maneira natural”. Ninguém disputou tantos jogos em fases finais de Europeus quanto o “capitão” da equipa nacional (cumpriu o 20.º frente ao País de Gales), sendo praticamente garantido que hoje esse registo vai aumentar. E tornou-se no primeiro a marcar presença em três meias-finais do Euro (2004, 2012 e 2016).
Também ao serviço do seu clube, o Real Madrid, Cristiano Ronaldo tem esmagado recordes uns atrás dos outros. Desde que chegou ao emblema espanhol, em 2009-10, já atingiu o estatuto de melhor marcador da história dos “merengues”, com 364 golos – à frente de nomes como Raúl, Di Stéfano, Santillana ou Puskas. Em 2013-14 estabeleceu o recorde de golos numa edição da Liga dos Campeões (17). E, no total, já marcou 93 nesta competição, deixando a concorrência toda para trás.