Tuvalu é a única nação com apenas um representante nos Jogos
Etimoni Timuani é jogador de futebol, a sua grande paixão, mas no Rio vai competir nos 100 metros. Nove países têm apenas dois representantes.
Tuvalu é uma ilha “perdida” no Oceano Pacífico, algures entre a Austrália e o Havai, com cerca de 10 mil habitantes. O mais famoso é, provavelmente, Etimoni Timuani, o único representante daquela ilha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Tuvalu é também o único país com apenas um representante nos Jogos). Timuani tem 24 anos e é defesa-central de um clube de futebol da liga local, defendendo também a selecção nacional, que ainda não é membro da FIFA como o jovem desejava que fosse. Mas Timuani não está no Rio de Janeiro para jogar futebol, mas sim para correr os 100 metros. Só começou a praticar atletismo em 2015 mas, nesse mesmo ano, participou nos Mundiais de Pequim, onde foi 72.º, com o tempo de 11,72 segundos, mais de dois segundos mais lento que o recorde mundial de Usain Bolt.
No Brasil, o jogador/atleta tem-se desdobrado em entrevistas. Em todas assume que a sua verdadeira paixão é o futebol. De tal modo que, na passada quinta-feira, quase falhava a cerimónia de boas-vindas à sua delegação, que é constituída por si, pelo treinador, por um médico e por um dirigente. Estava fechado no quarto a ver jogar o Brasil de Neymar na estreia olímpica. O avançado do Barcelona é o seu ídolo. “O Bolt já conheci no Mundial. Aqui, no Rio, gostava de ver algumas equipas de futebol, de râguebi e de conhecer jogadores famosos como Neymar. Ele é o melhor de todos. David Luiz é o melhor central do Brasil, mas não é o meu ídolo. Ídolo só o Neymar”, disse, citado pelo Globoesporte.
Para chegar ao Rio, Etimoni Timuani percorreu “meio mundo”, numa maratona aérea de 40 horas em que passou pelas Ilhas Fiji, Los Angeles e Panamá antes de chegar ao Brasil. Na Aldeia Olímpica não tem largado o telemóvel, para registar a aventura e levar as recordações de volta para Tuvalu. As eliminatórias dos 100 metros (das quais não deve passar), realizam-se apenas no dia 13. À imprensa brasileira diz que quer aproveitar para conhecer o Rio de Janeiro, principalmente o Maracanã. Garante ainda que vai acompanhar os restantes jogos da selecção olímpica brasileira. No Brasil para correr, o jovem parece só ligar a futebol.
Tuvalu tem a delegação mais pequena dos Jogos, com apenas um atleta. Com dois há nove. O Butão apresenta-se com Karma Karma no tiro com arco e Lenchu Kunzang no tiro desportivo (carabina de ar a 10 metros) e Nauru com Elson Brechtefeld no halterofilismo e o judoca Ovini Uera, já este ano medalha de bronze nos campeonatos da Oceânia. As restantes sete nações têm os seus dois representantes no atletismo. É o caso do Chade, Dominica, Guiné Equatorial, Libéria, Mauritânia, Somália e Suazilândia.
No caso do Chade, os representantes são dois estreantes: Mahamat Bachir vai correr os 400 metros masculinos e Ali Taher os 5000 metros femininos. Já Dominica terá ambos os atletas no triplo salto. O cubano naturalizado dominicano Yordanys Duranona rivalizará com Nélson Évora e Thea LaFond com Patrícia Mamona e Susana Costa. Na Guiné Equatorial, destaque para a veterana (36 anos) Reina-Flor Okori, dos 110 metros barreiras, que fará os seus quartos e últimos Jogos Olímpicos. O país também terá Benjamin Enzema nos 800 metros.
A Libéria apresenta dois velocistas: Mariam Kromah nos 400 metros e Emmanuel Matadi nos 100 e 200 metros. Ambos treinam em universidades norte-americanas e já conquistaram medalhas e bateram recordes universitários. Chegam, por isso, com alguma ilusão ao Rio de Janeiro. Na Mauritânia, Jidou El Moctar (200 metros) repete o lugar como porta-estandarte. Em Londres, há quatro anos, parece que deu sorte: bateu o seu recorde pessoal, fixando-o em 22,94 segundos. Desta vez, vai competir nos 100 metros e terá a companhia de Houleye Ba, que vai estar nos 800 metros femininos.
Dois jovens, um de 19 e outro de 20 anos, são os representantes da Somália. Mohamed Mohamed vai estar nos 5000 metros masculinos e Maryan Muse nos 400 metros femininos. Por último, a Suazilândia, cujos dois representantes são velocistas: Sibusiso Matsenjwa estará nos 200 metros masculinos e Phumlile Ndzinisa nos 100 metros femininos.