FIFA admite que África do Sul comprou votos para o Mundial 2010

Organismo que gere o futebol reclama “dezenas” de milhões de dólares a ex-dirigentes acusados de corrupção.

Foto
FABRICE COFFRINI/AFP

A FIFA apresentou nos tribunais americanos um pedido para reaver “dezenas de milhões de dólares” aos seus antigos dirigentes acusados de corrupção e suspeitos de terem desviado quase 200 milhões de dólares (180 milhões de euros), segundo documentos tornados públicos nesta quarta-feira.

“É agora evidente que vários membros do comité executivo da FIFA abusaram das suas posições e venderam votos [na escolha de quem organiza os Mundiais] em várias ocasiões”, diz a queixa da FIFA, que faz directamente referência a um pagamento de 10 milhões de dólares (9 milhões de euros) feito pela Federação Sul-Africana de Futebol a Jack Warner, então vice-presidente da FIFA.

A FIFA diz ainda que Warner foi subornado para votar a favor da candidatura (derrotada) de Marrocos ao Mundial de 1998. Além de Jack Warner, outro dos grandes visados nesta acusação é Jeffrey Webb, outro ex-vice-presidente da FIFA e antigo presidente da Concacaf (Confederação da América do Norte e das Caraíbas).

A famiglia do futebol

No documento preparado pelos advogados da FIFA constam os nomes de 39 ex-dirigentes da FIFA, incluindo os brasileiros Ricardo Teixeira e José Maria Marin, ex-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol.

Nestas 21 páginas, a FIFA, agora presidida por Gianni Infantino, apresenta-se como “vítima” nestes casos de corrupção, afirmando que os ex-dirigentes aproveitaram “as suas posições para enriquecerem pessoalmente, causando danos significativos e directos à FIFA”. “Os prejuízos podem ser estimados em dezenas de milhões de dólares”, diz o mesmo documento, acrescentando que ainda é cedo para se fazer uma estimativa final.

Este é mais um episódio da investigação à corrupção na FIFA, aberta em Maio de 2015 pelas autoridades americanas e que levou à detenção de ex-dirigentes da FIFA que estavam na Suíça para participar na eleição de Joseph Blatter, que foi mesmo reeleito, mas se demitiu dias depois.

“Quando a FIFA recuperar este dinheiro, voltará ao seu objectivo inicial: o desenvolvimento do futebol internacional”, disse Gianni Infantino, o novo presidente, em comunicado.

Segundo a acusação da justiça americana, os 39 antigos responsáveis da FIFA desviaram mais de 190 milhões de dólares. Nesta altura, “mais de 100 milhões foram identificados, recuperados e congelados nos Estados Unidos e no estrangeiro”, especifica a peça de acusação.

Sugerir correcção
Comentar