"Entre jogar bonito e estar em casa ou jogar feio e continuar, prefiro ficar aqui"

Fernando Santos, seleccionador nacional, insiste que Portugal pode chegar à final da competição.

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Fernando Santos sabe que terá dificuldades contra o País de Gales GONZALO FUENTES/Reuters

Fernando Santos revelou neste sábado estar optimista na passagem de Portugal à final do Euro. Para tal, terá de vencer o País de Gales, adversário a quem o treinador deixou elogios, não se mostrando surpreso pela vitória diante da Bélgica. “Não fiquei nada surpreendido. Pelo percurso que têm feito, tudo levava a crer que seria o País de Gales a ser o nosso adversário. Vamos defrontar uma grande equipa, mas Portugal acredita que vai vencer. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance”, admitiu.

Os galeses têm o melhor ataque da prova até ao momento com dez golos marcados, mas não poderão contar com Ramsey e Davies por acumulação de amarelos. Fernando Santos desvalorizou a questão: “O País de Gales tem dois jogadores que não podem participar. Mas o que os caracteriza é o seu fortíssimo espírito de grupo”, analisou.

Sobre as críticas que têm sido atribuídas às exibições da equipa nacional, o treinador respondeu, reforçando que o mais importante são as vitórias. “Sentia-me incomodado se estivesse em casa e se dissessem que Portugal jogou muito bem mas não estava no Euro. Temos consciência do que estamos a fazer. Entre jogar bonito e estar em casa ou jogar feio e continuar, prefiro ficar aqui. A única coisa que eu quero é chegar à final e vencê-la”, vincou.

No encontro com a Polónia — que teve de ser decidido através das grandes penalidades — Cristiano Ronaldo “mandou” João Moutinho assumir a marcação de um dos penáltis. Fernando Santos explicou o sucedido, elogiando o papel do capitão português. “O João é um dos elementos que estão habituados a marcar. Ele sentiu um desconforto numa perna e não se sentia com a máxima segurança. O Cristiano, numa atitude exemplar disse-lhe: “Vem, tu vais marcar!” e a verdade é que marcou”.

O avançado do Real Madrid tem sido igualmente criticado pelos seus desempenhos no Campeonato da Europa, onde não marca desde o embate com a Hungria. O seleccionador defendeu que Ronaldo é um jogador diferente no Real Madrid e na selecção, deixando claro que confia no capitão.

“Estamos muito satisfeitos. É um exemplo como capitão, o querer fazer bem e o querer ganhar estão sempre presentes. Tem feito um trabalho fantástico. Sinto que é importante realçar o trabalho que os jogadores fazem e que muitas vezes tende a ser desvalorizado. É o caso do Cristiano nestes dois jogos. Teve um papel relevantíssimo. Quando não marca dizem que não está cá. Ele está cá a 200%. É um dos melhores do mundo, mas não vai marcar sempre”, reforçou.

Sobre o encontro de Ronaldo com Bale, seu colega nos merengues, o treinador não vê problemas: “Talvez em Espanha seja normal, porque são da mesma equipa. Afectar não vai, mas vai mexer sempre um bocadinho. Mas não me parece que seja impeditivo para o jogo”.

Pepe foi um dos melhores em campo frente à Polonia, e a sua exibição foi bastante elogiada após o encontro com os polacos. Fernando Santos corroborou a ideia, acrescentando que o central do Real Madrid tem sido um dos elementos em maior evidência no campeonato. “Em campo todos os jogadores tem de ser líderes. As equipas precisam de líderes porque são os braços direito do treinador, e o Pepe tem-no sido”.

William Carvalho viu o cartão amarelo nos oitavos-de-final e vai falhar o encontro frente aos galeses. Já André Gomes e Raphaël Guerreiro devem recuperar a tempo do embate.

Confrontado sobre o seu futuro na selecção, Fernando Santos respondeu que prefere manter a concentração no País de Gales: “No tempo certo falarei disso.” Texto editado por Jorge Miguel Matias

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