Quinzinho salvou o árbitro
O FC Porto somou mais três pontos frente ao Campomaiorense e sábado vai à Luz com nove de vantagem sobre o Benfica, ficando à espera da sorte do Boavista em Alvalade. Os portistas tiveram ontem em Quinzinho um bom substituto de Jardel. O angolano apontou dois golos e dividiu as atenções com o árbitro...
As equipas de Sheffield e da Universidade de Cambridge juntaram, em 1863, na Taberna dos Maçons Livres, em Londres, os representantes de 15 clubes, num encontro em que a ideia era definir as regras comuns dos jogos de futebol, a dar então os primeiros passos como modalidade. Entre os 17 estava um grupo minoritário, liderado por Francis Campbell, que defendeu com veemência a necessidade de o jogo ser rotulado de varonil. Mas Campbel acabaria por abandonar a reunião irritadísssimo ao não ver vingar as suas ideias. Oito anos depois, ele e os seus apaniguados fundaram a União de Râguebi de Inglaterra. O árbitro Paulo Baptista, que ontem esteve nas Antas a dirigir o FC Porto-Campomaiorense, encontro ganho tranquilamente pelos portistas (2-0), parece ser um fã do grupo de Campbell. Ou então precisa que lhe expliquem que as regras do futebol e do râguebi são muito diferentes e que só no segundo é que se pode impunemente jogar com as mãos e derrubar adversários. Ontem, valeu-lhe Quinzinho...O jogo corria bem ao FC Porto, que ganha em tranquilidade na razão directa dos fracassos dos principais adversários, Quinzinho já tinha marcado o primeiro dos seus dois golos, quando, em apenas três minutos, Paulo Baptista conseguiu que os adeptos portistas e Pinto da Costa ficassem à beira de um ataque de nervos. Ele foi, quase de certeza, o único no estádio a não ver, aos 42', Mauro Soares meter as duas mãos à bola, dentro da área alentejana, quando Esquerdinha lha tentava passar por cima. O juiz de Portalegre mandou seguir. Três minutos depois, Zahovic entrou pela direita na área do Campomaiorense e foi claramente derrubado por Luís Miguel. O árbitro voltou a não assinalar penalti. O intervalo chegou logo e Pinto da Costa, que afinal não fez uso da qualidade de director responsável pela segurança e preferiu o camarote ao túnel, levantou-se e, mesmo face ao barulho dos adeptos insatisfeitos, ouviu-se de longe: "Que roubo! é o sistema; é o sistema da vergonha. Isto não é por acaso. Se as pessoas tivessem vergonha demitiam-se". Uma reacção a quente, mas que faz pensar o que espera Paulo Baptista. Se Mário Mendes foi sancionado pela Comissão Disciplinar por não ter punido, no Sporting-Beira-Mar, as "faltas sistemáticas", o árbitro de Portalegre é bem capaz de ter de meter umas longas férias. Ou mudar de modalidade...Os erros do árbitro acabaram por deixar um pouco para segundo plano a vitória e a razoável exibição dos portistas, que tiveram em Quinzinho um bom substituto de Jardel. O FC Porto entrou rápido, jogando simples e com boa mobilidade. Vê-se que Deco se moldou à equipa e não o contrário, vendo-se muitas vezes a apoiar Peixe. O ex-salgueirista perde assim boa parte da sua capacidade desiquilibradora na frente, mas essa é uma opção que até pode facilitar a sua integração. E até acabou por ser importante no primeiro golo, ao tabelar com Peixe, que assistiu Quinzinho. Solto, o angolano rematou para o fundo da baliza à saída de Poleksic. Jorge Costa (25') e Quinzinho (26' e 37') desperdiçaram oportunidades de aumentar a vantagem no primeiro tempo, mas nem isso deu ânimo ao Campomaiorense, que entrou a jogar num 4:2:2:2 pouco ambicioso (aos 34' teve de substituir o lesionado Basílio), e que depois do golo passou a defender ainda mais atrás. O seu primeiro verdadeiro remate só surgiu aos 41': Demétrios chutou forte, mas a dois metros do alvo.A volta de honra dos campeões de andebol baixou a temperatura, mas com o recomeço do jogo voltaram os nervos. Agora por responsabilidade do Campomaiorense, que, em dois minutos, fez mais do que em toda a primeira parte. Primeiro Wellington e depois Demétrios, cujos remates obrigaram Baía a aplicar-se. Mas ao terceiro minuto Quinzinho resolveu tudo: Drulovic recuperou a bola na esquerda, fez um centro espectacular e o angolano só teve de empurrar de cabeça. O jogo baixou de velocidade, Capucho (57') e Aloísio (64') não acertaram na baliza e Zahovic viu Poleksic fazer um voo espectacular que impediu o terceiro golo, mas, pelo meio, as duas melhores oportunidades até foram do Campomaiorense, ambas (76' e 80') protagonizadas por Wellington, valendo a atenção de Baía, pincipalmente no segundo remate.