“[Recebi a notícia] com alguma surpresa. Porque apesar de ter a noção que a situação económica do país é complexa, difícil e que isto poderia tocar a todos, não esperava que fosse feita da forma como foi”, disse à Lusa Braga da Cruz, que se referia ao tratamento por igual dado a quase todas as instituições, ou seja, equivalente para “aqueles que fazem melhor” e para “quem faz mal”.
De acordo com a resolução publicada na terça-feira em Diário da República, a Colecção Berardo, Serralves e a Casa da Música vêem os apoios reduzidos em 30 por cento, enquanto o Centro Cultural de Belém recebe um corte de 20 por cento, algo que Braga Cruz não compreende, mas acredita que “há-de ser explicado um dia”.
O presidente da Fundação de Serralves teme que o impacto do anúncio feito na terça-feira seja sentido já este ano, mas acredita que o público vai compreender qualquer alteração.
Em Dezembro, o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, garantia, no final do Conselho de Fundadores de Serralves, que a transferência anual do Estado para a Fundação se iria manter em 2012 (quatro milhões de euros).
“A consideração que tenho feito é que nós não deixaremos reduzir a qualidade àquilo que fazemos, porque temos públicos exigentes e que habituámos a essa qualidade. O que pode acontecer é ter algum impacto na redução da oferta cultural”, explicou hoje Braga da Cruz.
O antigo ministro da Economia realçou que em vez de “tantas exposições internacionais, importando obras e pagando transportes e seguros” Serralves deverá explorar mais a colecção própria.
Para Braga da Cruz, a “cultura devia ser mais bem tratada em Portugal” e lembrou um estudo da Escola de Gestão do Porto sobre o impacto económico de Serralves, segundo o qual o contributo da fundação para o Produto Interno Bruto foi acima de 40 milhões de euros, com uma receita fiscal para lá dos 10 milhões.