Manuel Pinho substitui António Vitorino na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

Ex-ministro socialista diz que aceitou o convite de Gabriela Canavilhas com “grande prazer” e “sem qualquer hesitação”.

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Luís Ramos

Manuel Pinho disse ter aceitado o convite, que lhe fora endereçado pela ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, apenas há alguns dias “com grande prazer” e “sem qualquer hesitação”, mas considerou ser “prematuro” fazer qualquer consideração sobre o seu programa para a fundação. “Só fará sentido falar sobre isso quando a minha eleição for ratificada pelo colectivo da administração”, disse o ex-ministro, que não sabia ainda em que data é que esta reunião terá lugar.

O ex-ministro do anterior governo de José Sócrates considerou, no entanto, indubitável que “a fundação tem um grande potencial à sua frente”; em primeiro lugar, pelo nome dos seus patronos: “Vieira da Silva é dos mais importantes, se não mesmo o nome mais importante da arte portuguesa”, considera Manuel Pinho, referindo também que a localização em Lisboa, nas Amoreiras, é “um factor de visibilidade”.

A directora da fundação, Marina Bairrão Ruivo, recebeu hoje de manhã a mensagem do Ministério da Cultura a comunicar a designação de Manuel Pinho como representante do Estado na administração. “Recebi a comunicação com um grande sorriso. Depois deste compasso de espera algo desgastante, essa escolha é um excelente sinal”, disse ao PÚBLICO a directora, que, mesmo não conhecendo Manuel Pinho pessoalmente, sabe do seu interesse e da sua ligação ao mundo das artes, o que é “uma grande vantagem”.

Para além de amante de arte, Manuel Pinho é também um coleccionador. E no seu acervo – revela ao PÚBLICO – possui mesmo uma aguarela de Vieira da Silva, dos anos 1960, que adquiriu, há cerca de vinte anos, na Galeria 111.

O cargo de presidente da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva não é remunerado. “Mas não será por isso que vou dedicar-lhe menos atenção”, assegura o ex-ministro, que actualmente é professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, director do MBA no ISCTE, em Lisboa, vice-presidente do BES/África e ainda consultor na Roland Berger.

“Arranjar dinheiro”

Marina Bairrão Ruivo avançou aquilo que considera serem as duas prioridades para o novo elenco da administração: “arranjar dinheiro”, que complete a dotação anual do Estado para a gestão da fundação (420 mil euros) e, simultaneamente, compense a perda de mecenas que se tem verificado nos últimos tempos, em consequência da crise económica; e “resolver a situação da colecção Jorge de Brito” – o espólio de obras de Vieira da Silva reunidas por aquele galerista e coleccionador já desaparecido, que em parte está em depósito na fundação, e que a família já admitiu vender ao Estado.

Com a entrada de Manuel Pinho para a presidência, a administração irá passar a ter o seguinte elenco: Maria Nobre Franco (em representação da Câmara Municipal de Lisboa), João Corrêa Nunes (Fundação Cidade de Lisboa) e Luís dos Santos Ferro (FLAD) e ainda, cooptados por estes a partir do Conselho dos Patronos, o galerista Jean-François Jaeger, Raquel Henriques da Silva e Vera Nobre da Costa.

A Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva foi instalada numa antiga fábrica de tecidos de seda e inaugurada em Novembro de 1994. O seu objectivo é o estudo e a divulgação das obras de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) e do seu marido e companheiro, o pintor húngaro Arpad Szenes (1897-1985), bem como de outros artistas, nacionais ou estrangeiros, seus amigos e contemporâneos, e cujas obras tenham a ver com as do casal.

Está neste caso Zao Wou-Ki (n. Beijing, 1921), um artista nascido na China e também naturalizado francês e que foi amigo de Arpad Szenes e Vieira da Silva, sendo considerado o último membro vivo da Escola de Paris. É dele a exposição que a fundação inaugura amanhã, e que ficará visitável até 26 de Setembro. “Sei que será uma grande exposição, e não vou faltar à inauguração”, disse Manuel Pinho, que assim aproveitará também para estabelecer um primeiro contacto com a casa que vai gerir nos próximos tempos.

Devido ao seu estado de saúde, explica a directora da fundação, Zao Wou-Ki não vai poder deslocar-se a Lisboa, pelo que não será ainda desta vez que verá o painel de azulejo que ele próprio desenhou para a estação de metro do Oriente.

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