Baldur Brönnimann e Leopold Hager são os novos maestros da Orquestra Sinfónica do Porto

Director suíço vai substituir Christoph König e vai ter um austríaco como maestro convidado principal a partir de Janeiro de 2015.

Fotogaleria
Maestro Baldur Brönnimann DR
Fotogaleria
Maestro Leopold Hager DR

O anúncio foi feito esta quarta-feira na Casa da Música pelo presidente do conselho de administração da fundação portuense, José Manuel Dias da Fonseca, e pelo director artístico António Jorge Pacheco. Este apresentou os dois novos responsáveis pela principal estrutura residente da Casa como “as melhores escolhas, no actual estádio de desenvolvimento da orquestra”. E justificou a divisão da responsabilidade por dois maestros – como, de resto, tinha já anunciado em entrevista ao PÚBLICO – por considerar ser este “o modelo mais desejável”, apresentando Baldur Brönnimann e Leopold Hager como “a combinação perfeita”. Trata-se de “duas personalidades diferentes mas que se completam, e que irão trabalhar na mesma direcção”, acrescentou António Jorge Pacheco, assinalando a experiência de Hager, já com 78 anos e uma carreira longa e consagrada, e o prestígio que Brönnimann, com pouco mais de 40 anos, já granjeou especialmente no domínio da música contemporânea.

Dias da Fonseca assinalou também a importância deste novo modelo de direcção musical a abrir "um novo ciclo" no processo natural de evolução e crescimento da Orquestra Sinfónica do Porto. "Baldur Brönnimann é um maestro relativamente jovem, enquanto Leopold Hager é ultra-maduro, já praticamente tudo lhe passou pelas mãos", acrescentou o presidente da fundação, realçando ser "um orgulho que gente deste nível se tenha sentido seduzido pelo projecto da Casa da Música".

António Jorge Pacheco explicou ainda que a escolha de Brönnimann e de Hager "surgiu naturalmente" e em resultado inclusivamente da avaliação dos músicos da Orquestra Sinfónica, que "foi de grande consenso", em resultado também do trabalho que ambos os maestros já têm desenvolvido no Porto. 

Tanto Brönnimann como Hager – mais o primeiro que o segundo – pisaram já por diversas vezes o palco da Sala Suggia a conduzir a Sinfónica do Porto. O maestro suíço dirigiu-a pela primeira vez em 2007, ainda no formato Orquestra Nacional do Porto. Mais recentemente, em Abril, Brönnimann dirigiu a sinfónica (e também o Coro Casa da Música) nos dois primeiros concertos do festival Música & Revolução. Leopold Hager, apresentado como “um mestre dos clássicos”, esteve à frente da Sinfónica do Porto no concerto de 14 de Março, num programa com sinfonias de Schubert e Bruckner.

A nova equipa artística vai iniciar as actividades em Janeiro de 2015, estando o concerto de abertura do “mandato” de  Baldur Brönnimann já agendado para o dia 16 desse mês, num concerto em que a Sinfónica do Porto terá como convidado o pianista Pedro Burmester. Mas, antes deste regresso à Sala Suggia, o maestro suíço vai dirigir a orquestra portuense no Auditório Nacional de Música de Madrid – cidade onde actualmente mora, e onde nunca dirigiu qualquer concerto –, no próximo dia 11 de Outubro, com um programa que inclui obras de Emmanuel Nunes e Tchaikovski.

No currículo de Baldur Brönnimann, assinalam-se colaborações estreitas com compositores como John Adams, Kaija Saariaho, Harrison Birtwistle, Unsuk Chin e Thomas Adès. No comunicado em que anuncia os novos maestros, a Casa da Música destaca o facto de a revista Gramophone ter nomeado em 2013, como escolha dos seus críticos de música, um álbum do compositor francês Pascal Dusapin que inclui a gravação ao vivo da Orquestra Sinfónica do Porto dirigida pelo maestro suíço. Brönnimann foi ainda director artístico do ensemble norueguês de música contemporânea BIT20 e professor convidado de direcção de orquestra no Royal Nothern College of Music, em Manchester, onde também estudou.

Sobre Leopold Hager, é realçado ser “reconhecido como um defensor pioneiro da interpretação mozartiana, particularmente pelas suas apresentações em concerto, em Salzburgo, das obras cénicas de juventude, até então praticamente desconhecidas”. Na sua longa carreira, iniciada já na década de 1950, Hager conta inúmeros registos discográficos, bem como a direcção das mais importantes orquestras mundiais, como as filarmónicas Checa e de Viena, a Staatskapelle de Dresden, a Royal Concertgebouw Orchestra de Amesterdão, a Orquestra de Paris e a National Symphony Orchestra de Washington. 

Igualmente citados pela Casa da Música, os dois maestros reagiram com agrado às suas nomeações para o Porto. “A Casa da Música é um paradigma de descoberta e renovação e espero contribuir para reforçar estes valores com todos os membros da orquestra. Estou muito entusiasmado em juntar-me a esta viagem artística”, comentou Baldur Brönnimann.

Leopold Hager manifestou-se também entusiasmado com o novo desafio: “Estou muito feliz pelo facto de, após os maravilhosos concertos que tivemos oportunidade de realizar juntos, a orquestra e a sua gestão tenham sentido vontade de intensificar a nossa colaboração, e é com grande prazer que aceito a nomeação para maestro convidado principal”.

O actual maestro titular da Orquestra Casa da Música, o alemão Christoph König, termina os seus dois mandatos iniciados no Outono de 2008 com um duplo concerto no fim-de-semana de 12-14 de Dezembro, num programa em que se destaca a interpretação da Sinfonia nº 4 de Mahler.

Sugerir correcção
Comentar