John le Carré, Jude Law e Keira Knightley querem ficar na UE
Carta aberta de 283 personalidades dos meios culturais, do romancista Ian McEwan ao actor Benedict Cumberbatch, do arquitecto David Chipperfield ao artista plástico Anish Kapoor, apela ao voto pela permanência no referendo de Junho.
Os actores Jude Law e Benedict Cumberbatch, os realizadores Mike Leigh e Steve McQueen, os escritores John le Carré e Ian McEwan, o escultor Anish Kapoor ou a designer Vivienne Westwood são algumas das 282 figuras do meio cultural britânico que assinaram uma carta aberta pela permanência do Reino Unido na União Europeia (UE).
“Do Bardo (Shakespeare) a Bowie, a criatividade britânica inspira e influencia o resto do mundo. Acreditamos que ser parte da UE reforça o protagonismo britânico no palco mundial”, dizem os signatários da carta divulgada esta sexta-feira”, que lançam um apelo aos votantes do referendo marcado para 23 de Junho: “Não nos transformemos num estranho a tentar fazer-se ouvir do lado de fora”.
No mesmo dia em que a carta foi conhecida, um inquérito promovido pela federação britânica das indústrias criativas (Creative Industries Federation) mostrava que mais de 96% dos seus membros apoiavam a permanência do país na UE.
A campanha pelo “Brexit” pode invocar o apoio do actor Michael Caine ou do cantor e carismático líder dos Who, Roger Daltrey, mas são excepções que confirmam a regra de que os criadores britânicos receiam que o Reino Unido se “feche aos amigos e vizinhos num tempo de crescente incerteza global”, como refere a carta.
Numa sessão pública para discutir os benefícios culturais da permanência do Reino Unido na UE, que decorreu sexta-feira nos icónicos estúdios de Abbey Road, onde bandas como os Beatles, os Hollies ou os Pink Floyd gravaram boa parte dos seus discos, o primeiro-ministro David Cameron encontrou-se com alguns dos artistas que subscreveram o documento, como Anish Kapoor ou o actor e músico Dominic West, protagonista da série televisiva Wire, e saudou o seu apoio à campanha contra o “Brexit”, afirmando que os britânicos “estão melhor numa UE reformada do que fora dela” e que “sair seria um salto no escuro”.
Antes do encontro, Cameron fez-se fotografar com a ex-secretária de Estado trabalhista da Cultura Tessa Jowell a atravessar a passadeira imortalizada na capa do álbum Abbey Road, dos Beatles, uma alegada tentativa de associação aos Fab Four imediatamente saudada com uma vaga de comentários jocosos nas redes sociais.
Além de Cumberbatch e Jude Law, a carta é assinada por actores de diferentes gerações, de Derek Jacobi, John Hurt ou Patrick Stewart a Kristin Scott-Thomas, Helena Bonham-Carter ou Keira Knightley, e por realizadores como Stephen Frears, Danny Boyle ou Alfonso Cuarón.
A actual poeta laureada do Reino Unido, Carol Ann Dufy, é outra das signatárias, ao lado de escritores como Ian McEwan, John le Carré, o dramaturgo Tom Stoppard ou Hilary Mantel, autora de uma prestigiada biografia ficcionada de Thomas Cromwell e vencedora do Booker Prize.
Vários membros da banda Franz Ferdinand, o líder dos Pulp, Jarvis Cocker, o premiadíssimo arquitecto David Chipperfield ou o director da Tate Modern, Chris Decon, são algumas outras personalidades que assinaram o manifesto.
Uma previsão do jornal Financial Times, calculada a partir dos resultados das sete últimas sondagens divulgadas na imprensa britânica, estimava na quinta-feira que o voto pela permanência vencerá com uma vantagem de seis pontos percentuais.