A viagem “excepcional” das Tentações de Bosch até Madrid

Pintura vai integrar exposição do Museu do Prado e não saía de Portugal há 24 anos.

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As Tentações de Santo Antão chegaram ao Departamento de Conservação e Restauro a 2 de Maio Rui Gaudêncio
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A conservadora-restauradora observa o painel central Rui Gaudêncio
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Uma fita branca prende as pinturas Rui Gaudêncio
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O último grande restauro foi feito no início dos anos 70 Rui Gaudêncio
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Quando a pintura se fecha os volantes estão pintados Rui Gaudêncio
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O tema da pintura é a tentação do ermita, que representa o homem justo, pelo demónio, expresso pelos monstros híbridos Rui Gaudêncio
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Rui Gaudêncio

Era uma reportagem muito apetecida, acompanhar até Madrid a viagem das Tentações de Santo Antão de Bosch, uma das mais fascinantes pinturas do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, que por estes dias vai seguir por estrada para integrar a exposição dedicada ao mestre holandês no Museu do Prado, El Bosco. La exposición del V Centenario, a inaugurar no final do mês.

O museu espanhol anuncia-o como “um empréstimo excepcional” e esta quarta-feira o Museu de Arte Antiga mostrou-o aos jornalistas no Departamento de Conservação e Restauro, mas o dia de saída e pormenores do trajecto são tratados como uma espécie de segredo de Estado, por razões de segurança.

O tríptico, pintado a óleo sobre madeira de carvalho por volta de 1500, desceu a 2 de Maio para ser objecto de uma limpeza da superfície – “limpeza de poeiras com uma trincha macia” -, explicou a conservadora-restauradora Susana Campos à frente do tríptico preso ao cavalete por finas fitas brancas. A pintura, composta por três painéis, “está em óptimo estado de conservação” e “não tem qualquer problema”.

O trabalho de Susana Campos foi, por exemplo, verificar o estado das juntas, a parte mais sensível numa pintura sobre madeira que é composta por várias tábuas, fazer um relatório completo, que servirá de bitola quando o quadro chegar a Madrid e em todos os passsos desta viagem.

A última vez que o quadro saiu de Portugal foi em 1992 para a exposição Circa 1492, em Washington, como explicou Joaquim Caetano, conservador da colecção de pintura, lembrando a polémica em redor do empréstimo autorizado por Pedro Santana Lopes, então secretário de Estado da Cultura. Antes disso, só mesmo para o Rijksmuseum, em Amesterdão, em 1958, e para Paris e Roterdão nos anos 30.

A última grande intervenção de restauro nesta pintura data do princípio dos anos 70 e, segundo Caetano, é provável que as Tentações pareçam um pouco mais amarelas em Madrid do que os quadros do Prado, recentemente restaurados. O tríptico das Tentações volta em Setembro, altura em que será "peça do mês" nas Janelas Verdes.

 

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