A Arco chega a Lisboa em Maio
A primeria edição internacional da feira de arte contemporânea de Madrid decorrerá na Cordoaria Nacional. O director será o mesmo de Madrid: o espanhol Carlos Urroz
A ArcoLisboa, a primeira feira de arte com a marca Arco fora de Espanha, decorrerá de 26 a 29 de Maio de 2016 na Fábrica Nacional de Cordoaria, em Lisboa, com 40 galerias internacionais.
De acordo com a IFEMA, a organização da ARCO em Madrid, "este projecto de expansão internacional vem dar visibilidade e projecção à actual cena artística portuguesa". O nome do evento português ganha o nome de ArcoLisboa numa adaptação do tradicional ArcoMadrid.
"Portugal, um dos aliados históricos da Arco, foi considerado neste novo projecto da IFEMA como um dos focos culturais mais atractivos e um mercado de crescente dinamismo, merecedor de um evento artístico relevante e estável dentro do circuito das feiras de arte contemporânea", adianta a IFEMA numa nota entregue aos jornalistas ainda antes do início da conferência de imprensa da manhã desta quarta-feira para apresentar o evento.
A ArcoLisboa abre portas, adianta ainda essa nota, "com a vocação de realizar-se anualmente".
A feira de arte contemporânea ArcoMadrid é um dos principais eventos do mercado da arte europeu. Reúne galeristas e tdoos os anos atrai coleccionadores de todo o mundo. Costuma realizar-se no recinto da Feira Internacional de Madrid (IFEMA).
A 35.ª edição da ArcoMadrid decorrerá na capital espanhola de 24 a 28 de Fevereiro próximos.Na ArcoMadrid 2015 - em Fevereiro último - participaram 12 galerias portuguesas, numa edição que teve a Colômbia como país em destaque.
De Portugal estiveram presentes a 3+1 Arte Contemporânea, a Galeria Baginski Projetos, a Carlos Carvalho - Arte Contemporânea, a Cristina Guerra, a Filomena Soares, a Graça Brandão, a Murias Centeno, a Pedro Cera e a Vera Cortês - Art Agency, todas de Lisboa. Do Porto estiveram a Quadrado Azul e a Kubik e, de Braga, a Mário Sequeira.
O evento reuniu mais de 210 galerias de pelo menos 30 países.
Em Lisboa, a Arco terá as suas 40 participantes internacionais divididas por três grandes espaços geográficos: em maior número as de Portugal, seguidas das de Espanha e do resto do mundo.
"A verdade é que ArcoLisboa soa bem", disse esta quarta-feira Luís Eduardo Cortés, o presidente do comité executiva da IFEMA, sorrindo em frente ao cartaz da nova feira lisboeta, com um logo inspirado na bandeira aos triângulos da capital portuguesa.
Na manhã desta quarta-feira, em Madrid, numa apresentação do projecto à imprensa, o mesmo responsável declarou que a ArcoLisboa "será uma feira pequena, mas com os mesmos critérios de qualidade e seriedade" da ArcoMadrid. A primeira edição "vai servir para identificar eventuais erros - que sempre surgem nas estreias - com vista a corrigi-los nas edições seguintes".
Todos os responsáveis da IFEMA sublinham que a intenção é fazer da ArcoLisboa uma feira recorrente, "com a vocação de realizar-se anualmente". Cortés confirmou ainda que a Arco pretende abrir feiras "noutras cidades do mundo", apontando a América Latina como "o caminho a seguir".
Os planos de internacionalização da Arco contemplaram no passado países como o Dubai ou a China, mas a escolha final acabou por recair em Lisboa. "Portugal é um primeiro passo inteligente", salientou Luís Cortés. A IFEMA considera que a escolha de Lisboa foi favorecida "pela progressiva recuperação da economia portuguesa, que "começou a estabilizar no terceiro trimestre deste ano" e a atrair o investimento estrangeiro, "especialmente de investidores brasileiros e chineses", importantes geografias no sector do coleccionismo de arte.
Para a organização, a ArcoLisboa dará "visibilidade à riqueza e à diversidade do panorama artístico português", com "um passado, um presente e um futuro especialmente dinâmico e interessante".
Já o galerista português Pedro Cera, membro do comité de organização da ArcoMadrid, acredita que uma feira de arte com a marca Arco em Lisboa é uma "oportunidade extraordinária" para "revitalizar o mercado português". "Acho que será extraordinária [a repercussão para as galerias portuguesas]. Ter esta possibilidade de fazer um pequeno Arco em Lisboa é uma coisa absolutamente extraordinária. Penso que vai revitalizar o mercado português", declarou Pedro Cera em Madrid, à margem da conferência de imprensa.
"A ARCO é uma feira com uma organização excelente, tem 35 anos de existência, tem uma marca absolutamente consolidada, que traz consigo um selo de qualidade. Penso que, pela primeira vez, vai ser possível consolidar uma feira de arte em Lisboa, o que tem sido difícil", afirmou o galerista português. Pedro Cera recordou que, ao longo dos últimos 20 anos "já houve várias tentativas" de realizar uma feira de arte em Lisboa com carácter permanente, mas que "acabaram sempre por soçobrar". "Julgo que desta vez se vai manter", salientou.
O galerista, que tem participado e vendido regularmente na ArcoMadrid, referiu que o mercado de arte em Portugal teve "momentos fortes" antes de começar a crise de 2008 e que só agora começa a ver sinais de recuperação. "Recordo anos em que na feira de Lisboa as galerias vendiam, e em quantidade, depois houve uma queda abrupta e tivemos mesmo situações dramáticas em algumas galerias. Neste momento as galerias notam a recuperação, ainda que não estejamos no ponto anterior à crise", disse.
A ArcoLisboa terá o mesmo director da feira de Madrid, o espanhol Carlos Urroz. Pedro Cera diz ter a certeza de que "vai conseguir atrair número suficiente de galerias de qualidade para dar continuidade ao projecto".
Notícia actualizada às 16:05