Ciclo Magnus Lindberg inicia-se hoje na Gulbenkian
Três concertos e uma conferência darão a conhecer algumas das obras mais significativas do compositor
e pianista finlandês
a A música do finlandês Magnus Lindberg, uma das mais destacadas personalidades da criação musical do Norte da Europa, será a partir de hoje objecto de um ciclo de concertos na Gulbenkian, que conta com a presença do compositor e com a sua actuação como pianista e conferencista. Ao longo de 2008, ano em que Lindberg comemora o seu 50º aniversário, a sua produção tem tido uma certa visibilidade em Portugal. Foi escolhido pela Casa da Música como compositor residente desta temporada (ver entrevista no P2 de 7 de Junho) e é agora homenageado pela Gulbenkian no âmbito do ciclo Vanguardas/Novas Vanguardas.O primeiro concerto (hoje, às 19h) constitui um exemplo paradigmático de como a cumplicidade entre compositores e intérpretes pode ser frutuosa na renovação das práticas musicais. O trio formado pelo compositor ao piano, pelo clarinetista Kari Kriiku e pelo violoncelista Anssi Karttunen propõe uma panorâmica da música de câmara de Lindberg composta ao longo dos últimos 25 anos através de obras como Ablauf para clarinete e percussão (1986); Partia (2001) e Stroke (1984) para violoncelo solo; Konzertstück para violoncelo e piano (2006); Steamboat Bill Jr para clarinete e violoncelo (1990); dois Estudos para piano (2001 e 2004); e o Trio para Clarinete, Violoncelo e Piano (2008), que terá a sua estreia em Portugal.
Os três músicos estudaram na Academia Sibelius em Helsínquia e têm trabalhado em vários projectos comuns. O seu percurso foi marcado por iniciativas de promoção da nova música tão importantes como a fundação da sociedade "Abre os Ouvidos!" e e da orquestra "Avanti!" no início da década de 1980. Na mesma época, Kriiku e Karttunen começaram a encomendar a Lindberg obras especialmente concebidas para clarinete e violoncelo, que viriam a ocupar um lugar central no repertório do duo.
Kari Kriikku será também solista com a Orquestra Gulbenkian, nos dias 30 e 31, na interpretação do Concerto para Clarinete, que Lindberg lhe dedicou em 2002. Ao contrário de outras peças contemporâneas que são rapidamente esquecidas depois da estreia, o Concerto de Lindberg já foi tocado mais de quarenta vezes por Kriikku, incluindo um concerto esgotado nos Proms da BBC. Em Lisboa será ouvido no âmbito de um programa que inclui a Partita (1ª parte da Sinfonia Sum fluxae pretium spei), de Elliott Carter, compositor que faz 100 anos em Dezembro, e a Sinfonia nº5, de Tchaikovsky. O ciclo prossegue a 9 de Novembro com o Remix Ensemble que interpreta obras de Lindberg e Franco Donatoni, um dos seus professores.
Nascido em Helsínquia em 1958, Magnus Lindberg estudou piano na Academia Sibelius e composição com Einojuhani Rautavaara e Paavo Heininen, figuras que o incentivaram a questionar a estética nacionalista e conservadora vigente na Finlândia e a aproximar-se das vanguardas do centro da Europa. Em 1981 viajou para Paris para estudar com Vinko Globokar e Gérard Grisey. Frequentou ainda as aulas de Donatoni e estabeleceu contacto com Ferneyhough, Lachenmann e Höller. As primeiras obras importantes de Lindberg foram marcadas pelo experimentalismo, a complexidade e o primitivismo mas a partir dos finais dos anos 80 a sua música transformou-se em direcção a um novo classicismo modernista de maior impacto comunicativo.
Ciclo Magnus Lindberg Magnus Lindberg (piano)
Kari Kriikku (clarinete)
Anssi Karttunen (violoncelo)
Lisboa, Grande Auditório Gulbenkian, hoje, às 19h.Orquestra Gulbenkian
Kari Kriikku (clarinete)
Joana Carneiro (direcção)
Obras de Elliott Carter, Magnus Lindberg e TchaikovskyLisboa, Grande Auditório Gulbenkian, dia 30, às 21h,
e dia 31, às 19h.
(No dia 30, às 18h30, Magnus Lindberg dá uma conferência na Sala 1).