Projecto de investigação e produção de cogumelos silvestres arranca em Oliveira do Hospital
O projecto biotecnológico, que implica a criação de um Centro de Micologia Aplicada, vai candidatar-se até final de Março a fundos comunitários, através do Compete (Programa Operacional Factores de Competitividade), disse à agência Lusa o presidente da BLC3, João Nunes.
A região interior centro é “particularmente propícia ao desenvolvimento de cogumelos silvestres nativos” e, segundo as investigações que estão a ser desenvolvidas pelo Centro de Ecologia Funcional, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, tudo indica que também tem excelentes condições para a produção de trufas (fungos do solo que formam cogumelos subterrâneos).
Esta “extraordinária riqueza não está a ser aproveitada”, sublinhou aquele responsável, explicando a importância que pode assumir o projecto para a valorização de um produto que, ali, apenas tem suscitado um tipo de exploração marginal. “Meia tonelada de uma só espécie de cogumelos - que existe na zona de Oliveira do Hospital - significou em 2011 no mercado de Barcelona um milhão e meio de euros”, exemplificou João Nunes, salientando a importância que este produto pode assumir para a região.
Não basta, no entanto, fomentar a produção de algumas espécies nativas de cogumelos silvestres, é também necessário, reconheceu o presidente da BLC3, assegurar a sua qualidade e certificação e a sua comercialização.
O projecto - que envolve a BLC3, a UC e a Voz da Natureza (empresa de investigação científica e tecnológica para o desenvolvimento de produtos inovadores) -, “pretende passar para o nível industrial um sector de grande potencial nesta região”, mas envolvendo todos os potenciais produtores, acrescentou aquele responsável.
Sem afastar a produção de cogumelos em estufas ou outro tipo de estruturas equivalentes, Anabela Marisa Azul, investigadora Centro de Ecologia Funcional da UC, salientou que se pretende também “favorecer a produção natural” e “potenciar esse recurso”. Pretende-se, acima de tudo, “um tipo de produção integrada e ajustada com o terreno, os solos, a vegetação, o clima e a floresta”, afirmou Anabela Marisa Azul.
Trata-se de valorizar um produto no plano económico, mas também de, em simultâneo, proteger a floresta dos incêndios e promover o equilíbrio dos solos. “É um vasto conjunto de factores que está a ser acautelado”, sintetizou a investigadora.