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Basta dar à manivela para que a magia se dê com alguns dos mais emblemáticos fados a saírem de dentro de caixas e de outros instrumentos. É um mundo musical a descobrir na exposição que está patente até final de Setembro no Museu do Fado.
São centenas de caixas de música, realejos, pianolas, organettes e outros – muitos – instrumentos, todos com um denominador comum: de dentro deles saem fados. Fados que recuperam repertórios do século XIX e que estão agora à mão de semear – literalmente - porque para os ouvir basta accionar um simples mecanismo. Intitulada “O Maravilhoso Mundo da Música Mecânica", a exposição está patente no Museu do Fado até 30 de Setembro e resulta de uma parceria entre este e o Museu da Música Mecânica (MMM). Mas para melhor desfrutar da experiência, o melhor mesmo é integrar as visitas guiadas organizadas diariamente e deixar-se levar pela audição das máquinas falantes. O resultado é uma espécie de regresso à infância misturado com a nostalgia e a saudade que o fado sempre invoca. Se não acredita, espreite aqui.
Os sons de outros tempos
Os objectos em exposição foram todos construídos ente finais do século XIX e início do século XX e pertencem à colecção de Luís Cangueiro, o fundador e responsável pelo MMM, que se dedica há mais de três décadas a reunir peças para alimentar a sua paixão de sempre. Para esta exibição foram escolhidas criteriosamente máquinas e mecanismos que, de alguma forma, se relacionam com o fado, permitindo aceder a esse universo, escutando sons de outrora e tocando em pedaços de história. Luís Cangueiro conta que nasceu ao lado de uma peça de música mecânica, em Miranda do Douro, há 75 anos. E essa é uma das razões por que alimenta este amor antigo. A outra é porque o próprio, anos mais tarde, acabaria por danificar essa mesma peça. E foi talvez para tentar reparar o estrago que posteriormente começou a adquirir peças semelhantes, num movimento que nunca mais cessou. O período de construção dos objectos expostos corresponde ao momento de florescimento da indústria da música mecânica na Europa, a qual desafiava o entendimento convencional das práticas musicais. Era, pois, com surpresa que se assistia a um processo, pouco conhecido até então, de conter música dentro de caixas, autómatos ou fonógrafos, permitindo a produção automática do som. Como que por magia.
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