Oito soldados macedónios mortos e seis feridos em explosão de mina

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A situação no terreno tem vindo a degradar-se, nomeadamente na região de Tetovo EPA

Desconhece-se, para já, a hora a que se produziu o incidente, que coincide com o retomar da violência entre a guerrilha albanesa do UÇK e as forças governamentais e que poderá mesmo comprometer a assinatura oficial de um cessar-fogo entre ambas as partes, agendado para segunda-feira.Hoje, a cidade de Prilep, no Sul do país, deverá enterrar dez dos seus soldados mortos anteontem numa emboscada conduzida pela guerrilha albanesa. Nesse mesmo dia, registaram-se cenas de vandalismo na localidade, bem como em Skopje, por parte de macedónios que pediam medidas presidenciais mais duras em relação à actuação dos guerrilheiros.
Paralelamente, a situação no terreno tem vindo a degradar-se, nomeadamente na região de Tetovo (noroeste), onde os confrontos de ontem, depois do meio-dia, entre as forças macedónias e o UÇK fizeram oito feridos entre a população civil, cinco macedónios e três albaneses, de acordo com um balanço fornecido à AFP pelo hospital da cidade.

Os Principais Pontos do Acordo de Paz

O acordo de paz entre macedónios eslavos e albaneses, que deverá ser oficialmente assinado na segunda-feira, refere-se ao estatuto da língua albanesa, a reforma da polícia e as alterações a fazer na Constituição macedónia.

Língua

O acordo global, que foi rubricado na quarta-feira em Ohrid, estipula que o albanês será a língua oficial nas zonas onde os albaneses representem 20 por cento ou mais da população. No parlamento, a utilização do albanês será autorizada e as leis serão redigidas em albanês e macedónio.

Os partidos albaneses também terão conseguido que a Universidade Albanesa de Tetovo seja "parcialmente" financiada pelo Estado. O albanês é a língua materna de entre um quarto e um terço da população, concentrada ao longo das fronteiras com o Kosovo (a norte) e a Albânia (a oeste).

Polícia

O acordo sobre a reforma da polícia, que permanece inteiramente sob o controlo do Ministério do Interior, prevê o aumento para 23 por cento, até 2003, do número de polícias de origem albanesa.

Actualmente, os polícias albaneses que integram as forças da ordem representam apenas três por cento dos efectivos. Cerca de 500 polícias albaneses serão contratados em 2002 e outros 500 em 2003. Estes mil polícias passarão a representar 23 por cento do total das forças policiais. Esta percentagem coincide com o número oficial da população de origem albanesa na Macedónia.

Uma outra concessão feita pelos partidos macedónios diz respeito à nomeação dos chefes dos postos de polícia em localidades maioritariamente habitadas por albaneses. Os conselhos municipais terão o direito de "validar" as candidaturas propostas pelo Ministério do Interior.

Constituição

Segundo uma fonte albanesa, terá sido encontrado um acordo "muito complexo" para dar aos deputados albaneses "meios de se oporem à adopção, no parlamento, de leis que digam respeito à minoria albanesa".

UÇK

O acordo global contém ainda um documento sobre o desarmamento da guerrilha albanesa do UÇK e sobre uma amnistia oferecida aos rebeldes que não tenham cometidos crimes susceptíveis de julgamento pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. O documento também abre caminho para o envio de tropas da NATO para a Macedónia com o objectivo de supervisionar o desarmamento do UÇK.

PÚBLICO (10-08-2001)

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