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Saiba como abrir uma conta bancária em Portugal e veja quanto custa para mantê-la
Bancos têm sido rigorosos para a abertura de contas de imigrantes. É preciso estar bem documentado para ter acesso a esse serviço. Há tarifas mensais, semestrais e anuais. Pesquise antes.
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Abrir uma conta bancária em Portugal tornou-se um exercício de paciência para os imigrantes. Há cada vez mais exigências por parte das instituições financeiras para aceitar essa clientela. Além de pedir uma penca de documentos, que incluem um contrato formal de trabalho, os bancos têm imposto pesadas tarifas para a manutenção dos serviços, conforme se pode constatar por meio do site do Banco de Portugal.
No BPI, por exemplo, ter a conta-corrente mais básica custa 4,25 euros (R$ 27,5) por mês ou 51 euros (R$ 327) por ano. No Santander, os valores são semelhantes: 4,20 euros (R$ 26,9) mensais e 50,4 euros (R$ 322,6) por ano. Há instituições, como o CTT, que cobram apenas uma tarifa de manutenção por ano, de 4,24 euros (R$ 27,1). Já o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos trabalham com tarifas semestrais, respectivamente, de 4,72 euros R$ 30,2) por mês e 9,44 euros (R$ 60,4) anuais, e de 4,24 euros (R$ 27,1) mensais e 8,48 euros (54,27) por ano.
Para Ricardo Rocha, especialista em educação financeira e professor da escola de negócios Insper, ter uma conta bancária é fundamental para qualquer pessoa, mas é possível encontrar condições que não pesem tanto no bolso. “Um imigrante sem conta-corrente acaba ficando à margem, pois deixa de ter acesso a serviços que, mais à frente, farão a diferença, como crédito para a compra de uma motocicleta, de um carro ou mesmo de um imóvel”, diz.
Segundo ele, essa relação não precisa, necessariamente, ocorrer com um banco tradicional. Pode se dar com instituições digitais, as chamadas fintechs, que também são obrigadas a seguir regras de segurança definidas pelo Banco Central. “No geral, esses bancos digitais oferecem quase todos os serviços encontrados nas instituições tradicionais, sempre a um custo mais baixo. Os jovens têm seguido muito por esse caminho”, ressalta Rocha. Ele aconselha, porém, pesquisar o histórico de onde a pessoa vai abrir a conta-corrente para se ter a garantia de que tudo está sendo feito dentro das regras estabelecidas pela autoridade reguladora.
Saúde financeira
Marcelo de Souza Sobreira, professor da HB Escola de Negócios e sênior adviser da 3J Capital, acredita que a escolha do banco de relacionamento, aderente às necessidades dos clientes, faz parte do processo de educação financeira. “Essa literacia é um tema cada vez mais presente entre os consumidores e agentes do mercado”, afirma. Ou seja, é uma forma de aprender a lidar com dinheiro, inclusive, para construir um patrimônio que, no futuro, será fundamental para bancar despesas com o envelhecimento. “A saúde financeira é tão importante quando a saúde física”, acredita.
O professor lembra que, ao abrir uma conta-corrente, o cidadão passa a ter acesso, por exemplo, a um cartão de crédito. Trata-se de um grande teste para o consumidor, pois, devido às facilidades oferecidas por esse meio de pagamento, muitas vezes, gasta-se mais que o necessário. Aqueles que conseguem tirar proveito do cartão, comprando apenas o que precisa e quitando toda a fatura no vencimento, consegue se livrar do pagamento de juros e aprende a fazer gestão financeira.
“O ideal, inclusive, é que se negocie um cartão de crédito sem anuidade e que ofereça vantagens como, por exemplo, o acúmulo de milhagens”, receita. Ao longo do tempo, as milhas podem ser trocadas por passagens aéreas ou por outros produtos incluídos no programa. “Tudo isso está relacionado ao histórico que se constrói com os bancos, que começa por uma conta-corrente”, frisa. Há empresas em Portugal que não contratam empregados se eles não tiverem uma conta bancária.
NIF é exigência
Para abrir uma conta-corrente, seja nos bancos tradicionais, seja nas instituições digitais, além do documento de identidade, de um comprovante de residência e do contracheque, os imigrantes devem apresentar o Número de Identificação Fiscal (NIF), correspondente ao CPF no Brasil. É por meio dessas três letrinhas que o Governo garante a cobrança de impostos. O NIF pode ser obtido em qualquer posto da Autoridade Tributária, sem grande burocracia. “Em Portugal, sem o NIF, nada anda”, assinala Sobreira.
Ricardo Rocha recomenda seguir todas as regras, para se livrar de problemas mais adiante. Os bancos portugueses têm se preocupado em combater, com rigor, a lavagem de dinheiro. É uma determinação do Banco Central. Ele lembra que os imigrantes recorrem muito a operações de câmbio para transferir dinheiro de seus países de origem para Portugal ou vice-versa. Essas transações passam pelo sistema financeiro e têm sido acompanhadas com lupa pelas autoridades. “Quando se tem uma conta-corrente e todas as operações transitam por ela, certamente, a segurança é maior”, reforça.