Starmer foi a Kiev oferecer a Zelensky “uma parceria de cem anos”

Anunciado um acordo histórico entre o Reino Unido e a Ucrânia com o compromisso de apoio ao esforço de guerra ucraniano, a poucos dias da tomada de posse de Trump.

Foto
Starmer durante uma homenagem em Kiev Carl Court / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:46

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Na primeira visita à Ucrânia desde que se tornou primeiro-ministro britânico, Keir Starmer apresentou ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, uma “parceria de cem anos” entre os dois países, prometendo apoiar a resistência à invasão russa até ao fim.

A dias da tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos EUA, a visita de Starmer a Kiev esta quinta-feira reveste-se de enorme importância para as aspirações da Ucrânia em continuar a combater em pé de igualdade a Rússia, dentro e fora do seu território. O Reino Unido tem sido um dos principais parceiros económicos e militares da Ucrânia desde que a Rússia lançou a invasão em larga escala há quase três anos.

O acordo histórico que Starmer levou a Zelensky prevê uma cooperação contínua do Reino Unido com a Ucrânia cobrindo várias áreas, desde a defesa, passando pela energia e o comércio. “É muito importante que asseguremos que a Ucrânia esteja na posição mais forte possível”, explicou o primeiro-ministro trabalhista depois de visitar um hospital na capital ucraniana especializado em vítimas de queimaduras.

Já conferência de imprensa conjunta com Zelensky, Starmer explicou que deve ser garantido à Ucrânia a possibilidade de "escolher o seu próprio futuro" durante as negociações para o fim do conflito. "Iremos trabalhar convosco e com todos os nossos aliados em passos que serão suficientemente robustos para garantir a segurança da Ucrânia e prevenir futuras agressões", afirmou.

Segundo a Reuters, o tratado entre os dois países contempla uma ajuda financeira de 40 milhões de libras (47,5 milhões de euros) para a reconstrução da Ucrânia após o fim do conflito.

Os aliados da Ucrânia têm tentado fornecer sob diversas formas garantias de que o apoio ocidental irá continuar enquanto o país necessitar. No ar pairam as promessas de Trump de cortar totalmente a importante linha de ajuda financeira e militar à Ucrânia para forçar as autoridades ucranianas a negociar rapidamente um acordo de paz com a Rússia.

Ainda esta semana, Zelensky recebeu o ministro da Defesa da Alemanha, Oscar Pistorius, numa demonstração de apoio de Berlim à Ucrânia. E na quarta-feira, o Presidente ucraniano foi recebido pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, que dedicou palavras duras para os membros da NATO, como Portugal, que não cumprem a meta de 2% do PIB para a defesa. Uma das principais críticas de Trump é precisamente a de que a Europa deve passar a depender menos dos EUA para garantir a sua segurança.

O receio que Zelensky tem por diversas vezes feito saber é de que qualquer negociação apressada, sobretudo num momento crítico para as forças ucranianas no terreno, irá obrigar a Ucrânia a negociar a partir de uma situação de fraqueza. Na região de Donetsk, a Rússia tem feito avanços lentos, mas graduais, e em Kursk, a província russa parcialmente ocupada pelas forças ucranianas desde o Verão, a contra-ofensiva apoiada por tropas norte-coreanas ameaça reverter as posições conquistadas pela Ucrânia, ao mesmo tempo que a escassez de militares volta a ser uma preocupação para Kiev.

“Não podemos nunca desistir”, afirmou Starmer ainda antes de se reunir com Zelensky. Pouco depois da chegada do primeiro-ministro britânico a Kiev, soaram os alertas e ouviram-se rajadas de tiros dos sistemas de defesa antiaérea que tentavam abater um drone suspeito que sobrevoava a capital ucraniana.

Entre os anúncios feitos por Starmer destaca-se a promessa de envio de um novo sistema móvel de defesa antiaérea de fabrico britânico e financiamento dinamarquês e a continuidade do programa de formação militar que já treinou mais de 50 mil soldados ucranianos nos últimos três anos.

Desde o início da invasão, em Fevereiro de 2022, o Reino Unido forneceu 12,8 mil milhões de libras (15 mil milhões de euros) em ajuda militar à Ucrânia, um valor apesar de tudo muito aquém dos 63,5 mil milhões de dólares (61,7 mil milhões de euros) providenciados pelos EUA, cuja continuidade do apoio passa agora a estar em causa.

Em cima da mesa das discussões entre Starmer e Zelensky também é possível que esteja o alegado plano de envio de tropas de manutenção da paz britânicas para a Ucrânia no período do pós-guerra para monitorizar o cessar-fogo.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários