Informalidade laboral e trabalhadores em pobreza extrema estão a aumentar, diz a OIT
Mais de metade de força de trabalho global encontra-se em situação de informalidade e cerca de 7% é afectada por pobreza extrema, estima a Organização Internacional do Trabalho.
A população mundial que trabalha na informalidade, sem contratos de trabalho e sem estar abrangida por algum sistema de segurança social, está a aumentar, assim como aquela que vive em pobreza extrema apesar de estar empregada. A estimativa é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que calcula cerca de 7% da força de trabalho global esteja em situação de pobreza extrema.
As conclusões constam do relatório anual da OIT sobre perspectivas sociais e de emprego no mundo, publicado nesta quinta-feira, onde a organização faz um balanço do mercado de trabalho global no ano passado e antecipa aquelas que deverão ser as tendências deste ano.
No documento, a OIT aponta que "a informalidade [laboral] permanece elevada e persiste em muitas partes do mundo", numa altura em que "mais de metade da força de trabalho global não está adequadamente coberta por modelos de segurança social, protecção legal ou medidas de segurança no local de trabalho". Neste contexto, a "desigualdade aumentou" e o progresso na eliminação da pobreza entre trabalhadores e da informalidade laboral concentraram-se em apenas alguns países na Ásia e América Latina. "Muitos outros países continuam a conhecer apenas reduções limitadas da informalidade e da pobreza entre a população empregada", resume a OIT.
Ao todo, estima a organização, o número de trabalhadores informais por todo o mundo terá aumentado em 23 milhões no ano passado, para um total superior a dois mil milhões de pessoas nesta situação, a maioria concentrada em países de baixos rendimentos. A proporção de trabalho informal fixou-se, assim, em 58,2% no ano passado, a nível global, uma percentagem que aumenta para 88,5% se se considerar apenas os países de baixos rendimentos. Já nos países de rendimentos elevados, esta proporção é de 13,5%.
Por outro lado, e ainda que a pobreza considerada "moderada" entre a população empregada tenha vindo a diminuir, a pobreza extrema está a aumentar e, no ano passado, afectava cerca de 7% da força de trabalho mundial, num total superior a 240 milhões de pessoas.
Mais de 20% dos jovens não estudam nem trabalham
No relatório publicado esta quinta-feira, a OIT alerta, ainda, para os desafios que têm sido sentidos entre a população jovem, onde a proporção dos chamados "nem-nem" (população jovem que não estuda nem trabalha) se mantém estagnada.
"O desemprego jovem não beneficiou da recuperação económica na mesma medida que o desemprego total e manteve-se em 12,6% em 2024. O desemprego jovem continua a ser significativamente mais elevado do que o que afecta a população adulta e, em alguns países, chega a ser três a quatro vezes mais elevado", refere a OIT.
A isto, aponta a organização, acresce que "muitos jovens não entraram no mercado de trabalho e abandonaram os estudos sem procurar educação adicional". A percentagem de jovens que não estavam no sistema educacional, a trabalhar ou em formação fixou-se, assim, em 20,4% em 2024, a mesma proporção que se registava no ano anterior. Considerando apenas as mulheres jovens, esta percentagem é de 28,2%, baixando para 13,1% entre os homens jovens.