Albuquerque pressionado por eleições no PS-M e acusado de “sequestrar” PSD-M

PS Madeira distanciou-se do PSD ao marcar eleições internas para o final do mês. Opositor de Miguel Albuquerque diz que ainda não obteve resposta dos órgãos do partido.

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Oposição interna acusa Miguel Albuquerque de “impor a sua vontade individual” e de “forma completamente antidemocrática” no PSD Madeira HOMEM DE GOUVEIA / LUSA
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Com a Madeira a caminho de novas eleições antecipadas, o PS-M decidiu convocar eleições internas para 31 de Janeiro, pressionando Miguel Albuquerque, que continua a insistir que não existe tempo para internas no PSD-M. Com divergências no interior dos partidos, os líderes de PSD-M e PS-M ameaçam apresentar-se ao eleitorado contestados internamente.

No caso do PSD-M, Manuel António Correia, principal opositor de Albuquerque, revela ao PÚBLICO que ainda não recebeu qualquer resposta dos órgãos do partido ao requerimento com 540 assinaturas a solicitar a marcação de um congresso extraordinário entregue a 23 de Dezembro.

“Os órgãos internos dão mostras de estarem sequestrados pelo presidente do partido”, afirma o antigo membro dos governos de Alberto João Jardim, acusando Albuquerque de “impor a sua vontade individual” no seio do PSD-M de “forma completamente antidemocrática”. Os estatutos do PSD-M prevêem a apresentação de um mínimo de 300 assinaturas para a marcação de um congresso extraordinário, mas a convocação de uma reunião magna electiva carece da aprovação do conselho regional.

Neste momento, a Madeira aguarda pela decisão do Presidente da República, que vai ouvir o Conselho do Estado na sexta-feira, dez dias após ter recebido os partidos em Belém. A demora de Marcelo Rebelo de Sousa comprometeu as aspirações dos partidos, que pediam eleições o mais rapidamente possível, para 9 de Março. A data, também avançada pelo Representante da República, ficou, entretanto, inviabilizada devido à obrigação de marcar as eleições com uma antecedência mínima de 55 dias – isto numa altura em que a Assembleia da República tem em mãos alterações à Lei Eleitoral na Madeira que incluem a adaptação da Lei da Paridade.

Em contraciclo com a posição dos partidos, Manuel António Correia continua a pedir tempo a Marcelo Rebelo de Sousa, temendo que a Madeira fique numa situação de instabilidade constante, devido à “incapacidade” de Albuquerque em construir maiorias e à impossibilidade de a Assembleia Regional ser dissolvida nos primeiros seis meses após a instalação e nos últimos seis meses do mandato presidencial.

“Espero que o partido realize os actos internos necessários para irmos a eleições e que o Presidente da República conceda tempo para que haja uma transformação interna porque esse tem sido o álibi”, insiste o social-democrata, que perdeu frente a Albuquerque as internas de 2015 e de Março de 2024.

No PS há tempo para eleições

Entretanto, Paulo Cafôfo recuou e decidiu convocar eleições no PS-M, uma decisão que pressiona, simultaneamente, a liderança do PSD-M e a oposição interna corporizada por Carlos Pereira. "Miguel Albuquerque tem medo de realizar internas”, afirmou Cafôfo, que também denunciou a “falta de coragem” de Pereira, que tinha exigido eleições internas, mas que agora anunciou que não se vai candidatar. As eleições na estrutura socialista estão marcadas para 31 de Janeiro e o congresso para 22 e 23 de Fevereiro.

Em reacção, Miguel Albuquerque insistiu que não existe tempo para uma clarificação no PSD-M: “Eu não tenho nada a ver com o que o PS faz, o que eu tenho a ver é aquilo que o meu partido contempla nos estatutos. Eu tenho estatutos para cumprir e não há eleições internas ao abrigo do freguês”.

Carlos Pereira não quis falar ao PÚBLICO porque não pretende pronunciar-se publicamente até às mais do que prováveis eleições antecipadas. Nas últimas declarações à comunicação social, o deputado na República, que já liderou o PS-M (2015-18), lembrou que está a pedir a realização de internas há seis meses e criticou a falta de tempo para preparar uma candidatura. “Infelizmente a decisão do presidente do PS-M foi fazer esse acto eleitoral absolutamente viciado, manipulado, com quinze dias para construir uma solução”, atirou.

O Presidente da República ainda vai ter de decidir se avança para a dissolução da Assembleia Regional para depois definir o calendário eleitoral, mas as previsões apontam os dias 16 ou 23 de Março para o regresso dos madeirenses às urnas. Na Madeira, contudo, o clima pré-eleitoral não espera pela data das eleições antecipadas.

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