O TikTok pode ser banido dos Estados Unidos a partir de dia 19 de Janeiro. A ameaça, que já pairava há algum tempo, pode vir a concretizar-se em breve, já que o Supremo Tribunal não pareceu favorável aos argumentos do TikTok e indicou que deve ser mantida a legislação assinada por Joe Biden em Abril, que exigia que o TikTok fosse vendido pela sua empresa-mãe, a chinesa ByteDance, sob pena de enfrentar proibição no país. O argumento utilizado pelos Estados Unidos é a segurança nacional.
Perante esta possibilidade, a migração dos utilizadores do TikTok para outras plataformas já começou. A que está a chamar mais a atenção é a RedNote, uma aplicação chinesa que já recebeu mais de meio milhão de utilizadores do TikTok, segundo a Reuters. Dentro da nova app, até já há um nome para eles: são os "TikTok refugees" (refugiados do TikTok, em tradução livre).
Conhecida como Xiaohongshu na China, a plataforma é considerada uma adaptação do Instagram, apesar de a interface ser diferente, já que combina e apresenta diversos formatos (vídeos, fotos ou texto) logo na página inicial. É também possível participar em debates, partilhar publicações, fazer chamadas e compras – aliás, a aplicação tem sido responsável por um aumento nas compras via livestream (vídeos em directo).
De acordo com a Reuters, os utilizadores desta app estão sobretudo na China e são essencialmente mulheres jovens. Em 2023, segundo relatórios de media chineses, terão sido mais de 300 milhões. Quem entra nesta comunidade agora, encontra uma série de vídeos e memes sobre a entrada dos americanos na plataforma. Um deles, mostra um caderno rabiscado com o alfabeto chinês: “Eu a estudar chinês para usar esta app, porque é assim a vida agora”, lê-se na legenda.
Os utilizadores estão também a estreitar laços entre comunidades, com várias perguntas sobre animais de estimação, gastronomia, estilo de vida ou leis de natalidade. Há utilizadores americanos a perguntarem “o que os chineses pensam sobre a comunidade LGBT+”, e até uma piada recorrente: “Estou aqui para me encontrar com o meu espião chinês”, escreve um utilizador. “Dá-me os teus dados”, responde outro.
A app foi co-fundada por Miranda Qu, que é actualmente a presidente, e Charlwin Mao, o CEO. Nasceu em Xangai, em 2012, e pretendia ajudar turistas chineses que procuravam recomendações para fora do país. O nome original pode ser traduzido para algo como “Livrinho vermelho”, que se refere a uma colectânea de citações de Mao Tsetung.
À Reuters, Jacob Hui, tradutor na cidade de Hangzhou, disse ter-se juntado a um directo com influencers americanos e chineses para responder a questões. “Não houve muitas oportunidades para interagir directamente com norte-americanos no passado”, afirmou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da China garantiu também que o país “sempre apoiou o fortalecimento de trocas culturais e a promoção de entendimento mútuo entre pessoas de diferentes países” – ainda que o Instagram e o X não sejam permitidos no país.
O próprio TikTok era usado apenas por utilizadores estrangeiros, já que a empresa-mãe, a ByteDance, criou uma versão separada para os utilizadores chineses, chamada Douyin. Em várias redes sociais chinesas, é necessário ter um número de telemóvel do país para que os utilizadores se possam inscrever. O RedNote, por sua vez, não tem essa exigência, e existe apenas uma versão para todos os utilizadores.
Além dos óbvios YouTube Shorts ou reels do Instagram, há aplicações que têm vindo a ser sugeridas como alternativas. É o caso da Lemon8, uma junção do TikTok com o Pinterest, com diferentes feeds para diferentes categorias. No entanto, é detido pela ByteDance, o que significa que também pode vir a ser banido nos Estados Unidos, dependendo da decisão que resultar deste processo.