África do Sul retira 36 corpos de mina de ouro ilegal cercada pela polícia

Abastecimento de água e comida ao local esteve suspenso para tentar obrigar mineiros ilegais a sair, entregando-se às autoridades. Todos os sobreviventes resgatados foram detidos.

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Homens que entraram em mina abandonada sem permissão estavam cercados há meses Ihsaan Haffejee / REUTERS
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Equipas de resgate da África do Sul anunciaram esta terça-feira a retirada de 36 cadáveres de uma mina de ouro ilegal, na cidade de Stilfontein, que estava cercada pela polícia há vários meses. O abastecimento de água e comida ao local tinha sido cortado para tentar obrigar os mineiros a vir até à superfície e entregar-se às autoridades, mas muitos acabaram por morrer.

Desde que começaram as operações de busca e salvamento, na passada segunda-feira, foram resgatados 82 sobreviventes, muitos a precisar de cuidados médicos urgentes, que agora enfrentarão acusações por exploração mineira ilegal e imigração ilegal.

Centenas de sobreviventes e dezenas de corpos continuam presos nos túneis com mais de dois quilómetros de profundidade, segundo um grupo de defesa dos direitos dos mineiros que esta semana divulgou imagens do interior das minas.

As operações de resgate continuarão durante pelo menos mais uma semana em Stilfontein, cidade a cerca de 150 quilómetros de Joanesburgo. Só desta exploração saíram mais de 1500 mineiros desde Agosto de 2024, quase todos imigrantes e muitos detidos de imediato, segundo a imprensa local.

A mineração ilegal na África do Sul é comum em explorações que as empresas abandonam por já não serem tão lucrativas e onde mineiros sem licença — chamados zama zamas —, muitas vezes vindos de outros países africanos, entram para a extracção do minério bruto restante, em operações que podem durar meses.

O Governo sul-africano defende que o cerco executado pelas forças de segurança à mina de Stilfontein era uma medida necessária de combate à mineração ilegal, descrita pelo ministro das Minas e Energia, Gwede Mantashe, como "um ataque à economia" do país.

"Não vamos ajudar criminosos. Vamos expulsá-los", declarou em Novembro passado a ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni. Contudo, na última semana a justiça sul-africana ordenou ao Governo que iniciasse as operações de resgate dos homens ainda presos.

"Todos os 82 detidos enfrentam acusações de mineração ilegal, invasão de propriedade e violação da lei da imigração", confirmou a polícia local em comunicado, sobre todos os sobreviventes resgatados da mina nos últimos dois dias.

Em Dezembro passado, as autoridades sul-africanas anunciaram a deportação de 27 cidadãos moçambicanos menores de idade e sem documentos, alguns deles retirados do interior das minas de Stilfontein.