Praça da Corujeira: cinco anos depois da promessa, projecto ainda não saiu do papel
Reabilitação da praça em Campanhã anunciada em 2020 e sucessivamente atrasada volta a não cumprir metas anunciadas. Obra já não arranca neste ano e no melhor cenário estará pronta em 2028.
A novela vai longa, mas os capítulos são repetitivos: a reabilitação da Praça da Corujeira, cujo concurso foi lançado em 2020, ainda não saiu do papel. A cada actualização do estado do projecto pedida pelo PÚBLICO, a Câmara do Porto faculta novas datas, arrastando consecutivamente o início e fim da obra. Se tudo correr como o município prevê neste momento, a nova praça da zona oriental da cidade estará renovada durante o ano de 2028.
“Recolhidos todos os contributos e pareceres necessários na fase de anteprojecto, nomeadamente os externos no que diz respeito às infra-estruturas gerais, será dado início à última fase do desenvolvimento do projecto: projecto de execução”, responde o gabinete de comunicação da autarquia.
O lançamento do concurso público da empreitada para a nova vida da Praça da Corujeira está previsto para o “segundo semestre” deste ano, sendo “24 meses” o prazo estimado da empreitada, o que “poderá ser reajustado em função dos faseamentos que vierem a ser definidos com a versão final do projecto de execução”.
Em Setembro de 2023, quando o PÚBLICO perguntou à autarquia sobre o andamento do plano, os prazos eram outros: a obra deveria começar em Dezembro de 2024, ano inicialmente indicado como o de conclusão do projecto. O que não varia na resposta da autarquia é a explicação dos passos: na altura, dizia o gabinete de comunicação, estava também prestes a ser finalizado o projecto de execução.
A reabilitação da Praça da Corujeira é há muito reivindicada pela população. Em Janeiro de 2020, Rui Moreira anunciou a abertura de um concurso para reabilitar a praça e a envolvente, com a ambição de transformar aquela geografia numa “centralidade renovada”. A ideia, referia a autarquia, era reforçar a integração daquela zona no “sistema de acessos ao centro da cidade a partir da zona oriental do Porto” e também – até pela proximidade ao projecto emblemático de Rui Moreira: o Matadouro – transformá-la num dos “principais espaços lúdicos e turísticos da cidade e como um ponto central das novas dinâmicas urbanas do território de Campanhã”.
O atelier vimaranense Miguel Melo, dirigido pelo arquitecto com o mesmo nome, foi o vencedor do concurso, a quem cabe também a realização do projecto de execução. O desenho apresentado propunha uma valorização do arbóreo existente – nomeadamente os plátanos, árvores centenárias que reinam por ali – e a melhoria das condições de vida de quem por ali habita. No centro da praça haverá um “edifício-bar”, com café, quiosque e sanitários, construído numa estrutura de madeira maciça de pinho, a alguns metros do chão.
Na altura do concurso, o arquitecto Miguel Melo explicou ao PÚBLICO que desenhou os trilhos do renovado parque após observação dos usos do jardim pelos cidadãos – e compreendendo que ele era usado para encontros, passeios com animais e também atravessamentos. O projecto prevê a recuperação dos bancos originais – muito usados pela população – e a criação de espaços para jogos tradicionais (como malha ou petanca), um piso de borracha impermeável e áreas ajardinadas com prado.
O ex-líbris do projecto – que não estava orçamentado – era o sky garden: um parque de arborismo com plataformas para aventureiros e também para moderados mais interessados em observar as aves no meio da flora. Tal como a Câmara do Porto já tinha avançado ao PÚBLICO em 2023, essa parte ficará de fora do projecto.
A estimativa orçamental apresentada, garante o gabinete de comunicação, mantém-se nos 4,4 milhões de euros, “sem prejuízo de poder ser revisitada no projecto de execução”.