Aveiro confiante na classificação do barco moliceiro como Património da Humanidade
Decisão será conhecida no final deste ano. Antes disso, será publicado um livro dedicado ao moliceiro e à arte de construir a embarcação tradicional da ria.
Esta quarta-feira, foi dia de assinalar o segundo aniversário da inscrição do “Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro" no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e de antecipar aquele que se espera que venha a ser o desfecho final da candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade entregue na UNESCO.
“Acredito que o processo terminará, no final deste ano, com a aprovação da candidatura”, perspectivou Joaquim Baptista, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), na abertura de um encontro dedicado à preservação do património cultural imaterial em Portugal.
O programa pretendeu dar a conhecer o processo de candidatura do barco moliceiro e da arte da carpintaria naval da região – que, segundo foi anunciado, irá resultar na publicação, em breve, de um livro que perpetuará “o sentir do barco moliceiro” – , juntando vários especialistas, ao longo da tarde desta quarta-feira, no auditório do edifício Atlas, em Aveiro.
“Esta é uma vontade colectiva, um sentir de uma comunidade”, destacou o presidente da CIRA, a propósito do processo que conheceu, em Março do ano passado, um dos seus momentos altos: a candidatura do Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro à lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade que Necessita de Salvaguarda Urgente foi formalmente entregue em Paris, sede da UNESCO.
Se for aprovada, conforme esperam os autarcas da região de Aveiro, será “a primeira [de património cultural imaterial] da região Centro”, destacou, por seu turno, Maria Antónia Amaral, chefe de Divisão de Cadastro, Inventário e Classificação de Património Cultural.
Durante o evento “Cuidar e Valorizar o Património Cultural Imaterial em Portugal”, esta responsável deixou também o desafio para que possam surgir “muitas outras inscrições de manifestações culturais”, notando que a região Centro e ainda mais a do Sul ficam ainda aquém da região Norte no número de inscrições no inventário nacional.
Perante o risco de ver desaparecer o “saber-fazer” dos barcos moliceiros – restam apenas cinco mestres construtores e um mestre pintor que dedicam a sua vida ao barco moliceiro e às embarcações tradicionais da ria de Aveiro -, em 2019, a CIRA decidiu desenvolver um estudo para avaliar que opções poderiam ser implementadas com vista a salvaguardar este património, já com os olhos postos numa candidatura à UNESCO. O primeiro passo foi a inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, em Dezembro de 2022.