Pedro Nuno diz que Montenegro devia ter “mais cuidado” com afirmações sobre salários

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O secretário-geral do Partido Socialista , Pedro Nuno Santos, durante a conferência de imprensa após reuniões com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e com o Sindicato dos Enfermeiros JOSÉ SENA GOULÃO / LUSA
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Pedro Nuno Santos qualificou esta terça-feira como ofensivas para a "esmagadora maioria do povo português" as declarações do primeiro-ministro sobre o salário do secretário-geral do Governo, defendendo que Luís Montenegro devia ter mais cuidado com as palavras que usa.

Em causa estão as declarações do primeiro-ministro na tomada de posse de Carlos Costa Neves como secretário-geral do Governo, enfatizando que este terá um rendimento inferior nas novas funções do que tinha como reformado e que por isso "está a pagar para trabalhar".

"Acho, inclusivamente, que o primeiro-ministro deve ter mais cuidado com as palavras que usa, porque, obviamente, isso ofende a esmagadora maioria do povo português que não consegue sequer vislumbrar o dia em que vai ter um salário de seis mil euros por mês", criticou.

O líder do PS clarificou que tem "uma perspectiva muito particular sobre essa matéria" porque não pertence ao grupo dos que acham que os políticos ganham pouco.

"E é muito importante que isto fique claro, porque, obviamente, a dimensão salarial é sempre relativa àquilo que são os salários que são praticados no país. O país paga salários baixos. E, portanto, acho que quase nenhum português compreende que se diga que trabalhar por seis mil euros é trabalhar de borla", justificou, numa conferência de imprensa na sede socialista, em Lisboa, após reuniões com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e com o Sindicato dos Enfermeiros.

Luís Montenegro elogiou, na manhã desta terça-feira, o secretário-geral do Governo e os custos "pessoais e financeiros" que fez para aceitar o cargo, dizendo que Carlos Costa Neves terá um rendimento inferior nas novas funções do que tinha como reformado.

"Não deixo de anotar o esforço e a prova de dedicação à causa pública que o novo secretário-geral do Governo dá ao vir vestir esta camisola com custos pessoais e financeiros. É mesmo um caso para dizer que o Carlos Costa Neves, nesta ocasião, está a pagar para trabalhar, visto que terá um rendimento inferior nesta função do que aquele que teria se não aqui estivesse", salientou Luís Montenegro, na cerimónia de tomada de posse do secretário-geral do Governo, Carlos Costa Neves, na residência oficial em São Bento, em Lisboa.

O Governo anunciou em 27 Dezembro a nomeação do ex-administrador do Banco de Portugal Hélder Rosalino como secretário-geral do Governo. Rosalino viria a desistir do cargo três dias depois, na sequência da polémica pública sobre o vencimento que iria ter nesta nova função (na qual iria manter o salário de origem, acima dos 15 000 euros), sendo Costa Neves o segundo nome indicado pelo executivo para este cargo.