A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) manifestou-se apreensiva pela reprovação, na semana passada na Assembleia da República, do alargamento do prazo legal para realizar a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).
Em comunicado, a ANEM recorda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a eliminação de leis que "proíbem o acesso à IVG com base em limites de tempo gestacional", uma vez que "não têm qualquer fundamento científico, restringem os direitos das pessoas e contribuem para a realização de procedimentos inseguros, responsáveis por entre 13.865 e 38.940 mortes maternas em todo o mundo.
Na semana passada, a Assembleia da República chumbou projectos de lei do PS, PCP, Bloco de Esquerda e Livre que previam o alargamento do prazo para realização da IVG das actuais 10 semanas para 12 e 14 semanas, nalguns casos.
O presidente da ANEM, Paulo Simões Peres, lembra que grupos em situações de grande vulnerabilidade como adolescentes, pessoas em fragilidade socioeconómica, desempregados, população mais isolada geograficamente, com menor nível de escolaridade e com défices cognitivos "podem tender a ultrapassar o prazo legal, colocando em risco a sua saúde e a sua vida".
"Queremos ver garantido o acesso universal, justo e seguro, aos serviços de saúde, incluindo à Interrupção Voluntária da Gravidez, em conformidade com os direitos humanos e as orientações de saúde internacionais", defendeu.
O responsável considera que o limite gestacional para a realização da IVG deve ser alargado e que devem ser igualmente eliminadas as "barreiras geográficas e burocráticas", apontadas tanto pela Inspecção Geral das Actividades em Saúde como pela Entidade Reguladora da Saúde.