ONG moçambicana denuncia que líder do Podemos aceitou dinheiro para pôr fim aos protestos
Segundo o Centro para Democracia e Direitos Humanos, Albino Forquilha terá recebido o equivalente a 3,3 milhões de euros. Mondlane falou em traição porque o Podemos aceitou tomar posse no Parlamento.
O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) apresentou esta terça-feira uma denúncia de alegado suborno recebido pelo líder do partido Podemos para aceitar tomar posse dos seus lugares no Parlamento moçambicano. Segundo a queixa apresentada, Albino Forquilha teria recebido o equivalente a 3,3 milhões de euros para parar a luta nas ruas e institucionalizar a oposição à Frelimo, cortando com a estratégia do seu candidato presidencial, Venâncio Mondlane, que pretende prolongar os protestos.
“É uma informação de pessoas que se dizem próximas a esta operação. Nós viemos aqui para fazer a denúncia à instituição competente e esta deverá fazer a auditoria dos seus gastos públicos e património a partir de uma certa altura”, declarou à comunicação social Adriano Nuvunga, director do CDD, momentos após submeter o documento nas instalações do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), em Maputo.
Há uma semana, o presidente do Podemos, Albino Forquilha, admitiu existirem divergências na “estratégia de luta” entre o partido e Mondlane, defendendo o fim das manifestações em prol do diálogo, embora prometa cumprir com o acordo estabelecido. Na segunda-feira, contrariando o seu candidato, 39 dos 43 deputados do Podemos tomaram posse dos seus assentos na Assembleia da República de Moçambique.
Uma decisão que foi vista por Mondlane e pelos seus apoiantes como uma “traição” de Forquilha contrária ao “acordo político” estabelecido entre o candidato presidencial e o partido na altura em que o Podemos decidiu apoiar a corrida de Mondlane.
O partido de Forquilha, uma pequena formação política sem assento parlamentar criada em 2019 por dissidentes da Frelimo, transformou-se na maior força política da oposição depois das eleições de 9 de Outubro mercê da popularidade de Mondlane.
De acordo com Nuvunga, o líder do Podemos terá recebido 219 milhões de meticais (o que dá mais de 3,3 milhões de euros): “Tendo sido o pagamento em espécie, como se nos é indicado, também é fácil de rastrear.”
O PÚBLICO tentou obter uma reacção de Forquilha, através de contacto telefónico e por mensagem, mas até ao momento não foi possível obter uma reacção.