Ministro Ben-Gvir ameaça demissão do Governo israelita por causa do acordo de Gaza
O ministro de extrema-direita opõe-se à ideia de um acordo de cessar-fogo no enclave palestiniano, cujo anúncio estará iminente, dizendo que seria uma capitulação ao Hamas.
O ministro da Segurança Nacional israelita de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir, ameaçou na terça-feira abandonar o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se este concordar com um acordo de cessar-fogo em Gaza e de libertação de reféns, que está a ser negociado no Qatar.
Ben-Gvir, cuja saída não faria cair o Governo de Netanyahu, instou o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, a juntar-se a ele numa última tentativa de impedir um acordo de cessar-fogo, que descreveu como uma capitulação perigosa para o Hamas.
“Este passo é a nossa única hipótese de impedir a execução [do acordo] e de evitar a rendição de Israel ao Hamas, após mais de um ano de guerra sangrenta, em que mais de 400 soldados das IDF (sigla inglesa para Forças de Defesa de Israel) tombaram na Faixa de Gaza, e de garantir que as suas mortes não sejam em vão”, disse Ben-Gvir na rede social X.
Smotrich disse na segunda-feira que se opõe ao acordo, mas não ameaçou abandonar a coligação de Netanyahu. Espera-se que a maioria dos ministros apoie o acordo de cessar-fogo faseado, que prevê uma pausa combates, a libertação de 33 reféns e de cerca de 1000 prisioneiros palestinianos e a retirada dos soldados israelitas de algumas regiões do enclave.
Ben-Gvir fez eco dos comentários de Smotrich, que disse na segunda-feira que Israel deveria manter a sua campanha militar em Gaza até à rendição completa do grupo islamista palestiniano Hamas, cujo ataque de 7 de Outubro de 2023 causou a guerra.
Cerca de 1200 pessoas foram mortas no ataque do Hamas a Israel em 2023 e mais de 250 foram feitas reféns, de acordo com os registos israelitas.
Desde então, mais de 46 mil pessoas foram mortas em Gaza, segundo as autoridades sanitárias palestinianas, com grande parte do enclave destruído e a maioria da sua população deslocada.
Os Estados Unidos, o Qatar e o Egipto têm estado a mediar um acordo de cessar-fogo, cujo anúncio pode estar iminente, segundo as autoridades.
Algumas famílias de reféns opõem-se ao acordo porque receiam que o acordo faseado que está a tomar forma permita libertar apenas alguns dos restantes 98 reféns e deixar outros para trás. Inquéritos sucessivos revelaram um amplo apoio do público israelita a este acordo.