João Fonseca entra no top 100 com estrondo

Teenager brasileiro passa menos tempo nas redes sociais para estar mais focado no ténis.

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João Fonseca LUKAS COCH / EPA
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Há já muito tempo que João Fonseca é apontado como uma futura estrela do ténis. Os resultados no escalão júnior, com o triunfo no US Open e subida ao primeiro lugar do ranking, e, mais recentemente, os progressos realizados no circuito profissional durante a época passada, que o deixaram às portas do top 100, não deixavam dúvidas. Mas o tenista brasileiro de 18 anos fez questão de confirmar o seu talento num dos maiores palcos do ténis mundial. Depois de ultrapassar as três rondas do qualifying do Open da Austrália cedendo somente 12 jogos, Fonseca estreou-se num quadro principal de um torneio do Grand Slam, derrotando um tenista do top 10, Andrey Rublev. Quatro vitórias já em Melbourne e sem perder um set.

Mas desde muito cedo que a família sabia que ele era diferente. O instrutor de ioga do pai detectou, logo aos dois anos, a coordenação e reflexos acima da média. João cresceu a praticar ténis, uma hora por dia, mas também futebol, jiu-jitsu e judo. Aos 12 anos conheceu Guilherme Teixeira, que é ainda o seu treinador. E foi com ele que fez um acordo, durante o US Open de 2023: menos tempo nas redes sociais.

“Fico só com o WhatsApp, onde falo com pessoas conhecidas, bons amigos, família. Instagram não, não posso ter o meu Instagram antes e depois de um jogo”, explicou o tenista.

Os resultados não se fizeram esperar. Começou 2024 no 730.º lugar do ranking, chegou aos quartos-de-final no ATP 500 do Rio de Janeiro e no ATP 250 de Bucareste e, em Agosto, ainda com 17 anos, conquistou o primeiro título no Challenger Tour, em Lexington (EUA) – ultrapassando em precocidade o cotado compatriota Gustavo “Guga” Kuerten. Terminou a época com o triunfo nas Next Gen Finals – imitando Jannik Siner que, em 2019, também triunfou em Lexington e venceu o “Masters” sub-21 – e iniciou 2025 com o segundo título challenger, em Canberra. Ao derrotar Rublev (7.º), por 7-6 (7/1), 6-3 e 7-6 (7/5), Fonseca somou a 14.ª vitória consecutiva.

“Estava a tentar não colocar pressão sobre mim, por defrontar alguém do top 10, num estádio enorme. Tentei chamar o público para me ajudar. Simplesmente gostei de jogar o meu jogo. Uma coisa sobre mim é que jogo melhor nos pontos importantes, procuro as minhas pancadas. Essa foi a diferença hoje”, explicou Fonseca, autor de 51 winners.

Impressionante foi igualmente a confiança com que abordou o tie-break do terceiro set, já com mais de duas horas de um intenso duelo com Rublev.

Fonseca é apenas o segundo adolescente desde 1973 a derrotar um adversário do top 10 na sua estreia em quadros principais do Grand Slam, depois de Mario Ancic vencer Roger Federer em Wimbledon, em 2002.

Daniil Medvedev (5.º) conseguiu fugir a destino igual quando recuperou de 1-2 em sets frente a Kasidit Samrej (418.º), contemplado com um wild-card ao vencer o play-off de Dezembro reservado a tenistas da região da Ásia-Pacífico. O russo chegou a perder o controlo das emoções, mas a sua maior experiência acabou por prevalecer e vencer, por 6-2, 4-6, 3-6, 6-1 e 6-2, o terceiro tailandês a disputar o quadro principal de um major e primeiro desde 2012.

Holger Rune (13.º) também saiu vencedor da maratona com o chinês Zhang Zhizhen (49.º), por 4-6, 6-3, 6-4, 3-6, 6-4, para chegar à segunda ronda, onde vai defrontar Matteo Berrettini (34.º) – que ganhou a batalha entre dois ex-top 10, com Cameron Norrie (52.º), por 6-7 (4/7), 6-4, 6-1 e 6-3.

Destaque ainda para a exibição de Gael Monfils (41.º), de 38 anos, que não enfrentou qualquer break-point durante as quase quatro horas de duelo com o também francês Giovanni Mpetshi Perricard (30.º), 17 anos mais novo, ganho com os parciais de 7-6 (9/7), 6-3, 6-7 (6/8), 6-7 (5/7) e 6-4.

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