A Taça mostrou que, no Benfica, há vida sem Di María

A equipa “encarnada” avança na Taça de Portugal, depois de bater o Farense numa partida em que perdeu Di María, por lesão, ainda na primeira parte.

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Farense e Benfica em duelo no Algarve LUIS BRANCA / LUSA
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Em 2014, motivado por uma onda de lesões, Henrique Jones, médico da selecção nacional, apresentou um conceito inédito (até para os especialistas) e que se tornou famoso: era o “índice de suspeição lesional”, que falava de jogadores perto de sofrerem lesões musculares. Serve esta história para lembrar que Bruno Lage pode, agora, abraçar sem pudor o “índice de suspeição lesional”. Nesta terça-feira, o Benfica venceu o Farense (3-1) e seguiu em frente na Taça de Portugal, numa partida na qual esteve a perder com Di María em campo e deu a volta depois da lesão do argentino.

Afinal, na Luz, há vida sem Di María. E, afinal, ele não tem de ser utilizado em todos os jogos – tal como aconselharia Henrique Jones sobre o "índice de suspeição lesional" de um jovem jogador de 36 anos que saiu de Faro agarrado à coxa.

Florentino, Barreiro e Aursnes

Sabe-se que Bruno Lage não é adepto de grandes rotações e, mesmo tendo tido uma final no sábado, mudou apenas três jogadores de campo: Bah, Barreiro e Arthur Cabral foram lançados para os lugares de Tomás Araújo, Kokçu e Pavlidis.

Como Lage parece não contar com Rollheiser e Renato Sanches parece não contar com a saúde, o 4x3x3 do Benfica tinha, portanto, um meio-campo sem um jogador com qualidade técnica superior e capaz de encontrar soluções em zonas de definição – e nem especialmente na zona de criação, porque Florentino é um destruidor, Barreiro é um transportador e Aursnes faz um pouco de tudo, mas não tem nível técnico para oferecer qualidade como médio-ofensivo.

Esta opção de Lage parecia nem ir ao encontro do que se conhece do Farense, que é a equipa da I Liga com menos bola, que concede mais remates, que concede mais cruzamentos e que permite menos passes longos – em suma, uma equipa de bloco baixo permanente.

O Benfica criou dois lances de perigo logo no início do jogo, em dois momentos de apoio frontal de Cabral, que conseguiu ligar-se com Barreiro e Aursnes – o primeiro momento deu jogada para Schjelderup e Di María, o outro para Carreras.

Parecia que o Benfica estava a conseguir ter os médios-interiores a ligarem com o avançado e os alas, mas isso não se manteve – sobretudo depois do golo de Tomané, de cabeça, num canto aos 7’.

Também contribuiu para isso a opção de Tozé Marreco em abdicar totalmente dos alas no plano ofensivo, tendo-os a fechar por dentro numa espécie de quadrado que vedava os caminhos a Barreiro e Aursnes.

Di María não é solução para tudo

A lesão de Di María colocou Aursnes a ala-direito, com Amdouni a par de Cabral, e isso, não dando uma qualidade suprema em ataque posicional, deu, pelo menos, trabalho aos defensores do Farense.

O Benfica passou a ter cinco jogadores em zona ofensiva (Aursnes, Carreras, Schjelderup, Amdouni e Cabral) e isso igualou os jogos de pares. Bastava um sexto jogador atrair uma marcação que facilmente se criaria um desequilíbrio.

Foi o que aconteceu aos 56’, com Barreiro a atrair um adversário e encontrar Schjelderup entre linhas, com o jovem a voltar a marcar, em mais uma boa execução técnica.

Dois minutos depois o Benfica fez o 2-1, mas num momento bem diferente: o Farense foi estranhamente atraído a uma pressão alta e isso deu espaço a Carreras para sair em drible e lançar Cabral com um passe longo que isolou o brasileiro.

O Benfica “matou” o jogo aos 62’, num lance confuso na área que terminou com ressalto nos pés de Bah.

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