Seguem mais dois: satélites portugueses já estão na órbita da Terra
Os satélites PoSat-2 e Prometheus-1 foram lançados esta terça-feira pelo Falcon 9, da SpaceX. Nas próximas semanas serão verificadas as comunicações para confirmar se os satélites estão operacionais.
Portugal já tem mais dois satélites na órbita da Terra. O PoSat-2 e o Prometheus-1 descolaram esta terça-feira para se instalarem a mais de 500 quilómetros da superfície da Terra, abrindo o ano de 2025 com mais dois lançamentos bem-sucedidos de satélites. Há agora cinco satélites portugueses no espaço, embora o primeiro (o PoSat-1), enviado em 1993, não esteja activo.
A primeira fase foi cumprida com sucesso. Os dois satélites descolaram a bordo do foguetão Falcon 9, da SpaceX, às 19h09 (hora de Portugal continental) – ou seja, sem os vulgares atrasos da indústria aeroespacial. A partir da Base Espacial de Vandenberg (Califórnia, Estados Unidos), os dois satélites portugueses foram depois despejados em órbita, cerca de uma hora depois, juntamente com mais de três dezenas de pequenos satélites comerciais, académicos e governamentais.
A fase seguinte é mais delicada: confirmar que estão a funcionar. O Prometheus-1, desenvolvido pela Universidade do Minho e com uma missão exclusivamente pedagógica, foi libertado a numa órbita a 500 quilómetros da Terra. Já o PoSat-2, construído pela empresa LusoSpace, saiu ligeiramente acima, a 550 quilómetros de altitude. Depois da ejecção, seguem-se as tentativas das equipas em terra fazerem contacto com os aparelhos no espaço. Aí surgem as maiores dificuldades. Essa comunicação, que permitirá confirmar o estado dos satélites e a sua utilidade, poderá demorar algumas semanas ou mesmo um par de meses.
“É muito importante que Portugal participe neste desafio europeu”, sublinhou Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, numa intervenção à distância transmitida pela Universidade do Minho.
Missão comercial, missão aulas
O PoSat-2, nomeado em homenagem ao pioneiro PoSat-1, é o primeiro satélite comercial português a chegar ao espaço, ou seja, cuja função será a prestação de serviços – e não uma missão académica ou governamental. Este satélite da LusoSpace é o primeiro de 12 que serão lançados até 2026 para formar a constelação Aton na órbita terrestre.
O pequeno satélite, com 30 centímetros de largura, será um “Waze dos oceanos”, como diz Ivo Vieira, director-executivo da empresa portuguesa, permitindo identificar a posição dos navios, mas também receber e enviar mensagens sobre tráfego marítimo, meteorologia ou eventuais perigos. Por exemplo, caso haja um derramamento de petróleo ou um icebergue, um navio que aviste o mesmo pode avisar através desta constelação que, depois, faz o reenvio da informação para os restantes navios.
Já o Prometheus-1 tem uma missão bem diferente. O satélite desenvolvido na Universidade do Minho tem objectivos puramente pedagógicos, tendo sido criado “para a sala de aula”, como sublinhou Alexandre Ferreira da Silva ao PÚBLICO.
Além do satélite em órbita, há réplicas do mesmo na academia minhota que permitirão aos estudantes simular missões, montar o satélite e explorar todo o processo que conduz ao passo dado esta terça-feira: o lançamento e colocação deste objecto espacial em órbita.
A bordo do Falcon 9 seguiu também o GeoSat3, um satélite desenvolvido pela empresa espanhola Satlantis que serve de preparação para o desenvolvimento da Constelação do Atlântico – um conjunto de 12 a 16 satélites de Portugal e Espanha há muito prometido por sucessivos governos. Este GeoSat3 foi desenvolvido para a detecção de incêndios e a monitorização de emissões de metano a partir do espaço.
No ano passado, voltaram a ser lançados satélites portugueses, mais de 30 anos depois do envio do PoSat-1 para a órbita terrestre – onde ainda vagueia, embora sem qualquer actividade. Em Março, foi enviado o Aeros, satélite desenvolvido pela Thales Edisoft e pelo Ceiia para monitorizar o oceano Atlântico durante os próximos três anos. E em Julho, a bordo do novo foguetão europeu Ariane 6, saiu o ISTSat-1, um projecto académico de estudantes e professores do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa para testar a detecção e descodificação dos sinais emitidos pelos aviões para as estações terrestres. Desde 1993, Portugal soma agora cinco satélites na órbita terrestre.