Steve Bannon acusa Elon Musk de apenas querer ser mais rico

O antigo conselheiro de Trump e figura influente junto do seu eleitorado diz que o “único objectivo” do multimilionário é “angariar riqueza e, através da riqueza, obter poder”.

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Steve Bannon, que não foi até agora nomeado para qualquer cargo na futura Administração, promete tudo fazer para afastar Elon Musk de Donald Trump ANDREW KELLY / REUTERS
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Steve Bannon, director da primeira campanha presidencial de Donald Trump e durante alguns meses o seu principal conselheiro político, não esconde a sua hostilidade para com Elon Musk, o novo grande aliado do futuro Presidente norte-americano.

Na semana passada, numa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, Bannon disse que o multimilionário dono do X, da SpaceX e da Tesla “é uma pessoa verdadeiramente má”, que “tem a maturidade de uma criança” e cujo “único objectivo” com a aproximação a Trump “é tornar-se trilionário”.

Para Bannon, tornou-se uma missão pôr termo à influência de Musk na futura Administração: “Tudo farei para que Elon Musk seja afastado antes da tomada de posse”, declarou, acrescentando que o empresário “não terá uma via aberta com acesso total à Casa Branca”.

Não se sabe como é que Steve Bannon pretende cumprir a ameaça, uma vez que – formalmente – não foi nomeado para qualquer cargo. Elon Musk, pelo contrário, foi escolhido por Trump para liderar um departamento sobre a eficiência do Estado.

Figura influente na direita radical norte-americana, a quem chamaram “o grande manipulador” e até “Presidente Bannon”, pela preponderância que exerceu na campanha e nos meses iniciais da primeira presidência, Steve Bannon saiu da Casa Branca, em Agosto de 2017, em clara divergência com Donald Trump. Mas manteve-se uma voz muito activa em defesa do movimento Make America Great Again (MAGA) e, nas últimas horas do primeiro mandato, Trump acabaria por lhe conceder um indulto que o livrou de responder num processo por fraude.

Bannon cumpriu este ano uma pena de quatro meses de prisão por se ter recusado a colaborar com o Congresso na investigação ao ataque ao Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021. Quando saiu da cadeia, a uma semana das eleições, já Elon Musk se tornara uma presença constante ao lado de Trump.

Musk “ficou viciado na adoração que recebia nos comícios antes das eleições”, criticou Bannon, ao The New York Times, também na semana passada. Ao jornal italiano foi mais incisivo, acusando o novo aliado de Trump de “pensar apenas em si próprio”.

Um dos temas que os divide é a emissão de vistos para imigrantes qualificados (chamados H1B). Elon Musk, que é sul-africano e que beneficiou de um desses vistos, defende a sua existência, ao contrário de muitos apoiantes de Trump e de Bannon. Musk disse no fim de 2024, no X, que estava disposto “a fazer uma guerra por este assunto”. Bannon acusa Musk e outros patrões da indústria tecnológica de usarem o sistema de imigração “a seu favor” e de tirarem empregos aos americanos.

Elon Musk “fará tudo para garantir que as suas empresas sejam protegidas ou consigam melhores acordos ou ganhem mais dinheiro. Angariar riqueza e, através da riqueza, obter poder: é este o seu objectivo”, disse Bannon ao Corriere.

O antigo conselheiro não é a única voz influente junto do eleitorado de Donald Trump a tornar públicas as suas reservas em relação ao protagonismo que Elon Musk tem assumido junto do futuro Presidente. A frustração pode resumir-se na frase usada, ao NYT, pelo líder de um grupo de influência pró-Trump, Preston Parra, que perdeu o estatuto de conta premium no X, durante algum tempo, depois de ter usado essa mesma rede social – detida por Musk – para criticar publicamente o milionário: “Eu votei em Trump, não votei em Elon.”

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