Acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza estará próximo e envolve libertação de 33 reféns
Israel admite “fase adiantada” de negociações para um cessar-fogo com o Hamas no enclave palestiniano, que, segundo os EUA, pode ser anunciado esta semana. Terça-feira há nova ronda negocial decisiva.
Diplomatas de Israel e membros da Administração Biden confirmaram esta segunda-feira à imprensa israelita e internacional que as negociações para um cessar-fogo entre o Governo do país e o Hamas, mediadas pelo Qatar, estão numa “fase adiantada”. Segundo as fontes diplomáticas, citadas pelo Times of Israel, o acordo inclui a libertação de 33 reféns cativos do movimento islamista palestiniano numa primeira fase. Em troca, Israel compromete-se a libertar quase mil palestinianos detidos em prisões israelitas.
De acordo com uma pessoa envolvida nas negociações que estão a ter lugar em Doha, está prevista uma nova ronda negocial para terça-feira de manhã na capital qatari, que pode ser decisiva para o futuro do documento que está cima da mesa. Já segundo a televisão estatal do Egipto, outro dos países que está a mediar as negociações, também vão ocorrer "conversações intensivas" no Cairo para dar os "últimos retoques" para definir alguns pormenores do acordo.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, sublinhou, em declarações à NBC News, que as partes estão "mais próximas que nunca" de chegar a um cessar-fogo em Gaza, acrescentando que os EUA estão "muito esperançosos" que seja possível alcançar "finalmente" um compromisso.
Um membro do Hamas também afirmou à agência noticiosa que "a negociação de algumas questões fundamentais teve progressos", e que o grupo islamista está "a trabalhar para concluir o que falta".
Numa entrevista concedida à Bloomberg, nesta segunda-feira, Jake Sullivan, conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, já tinha admitido que pode ser anunciado um acordo ainda esta semana e informou que a Administração Biden está a envolver a equipa de Donald Trump, que toma posse na próxima segunda-feira, nas negociações. A informação foi confirmada por Gideon Saar, ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel.
"Desde Junho que temos tido vários esforços para fechar o acordo. Estivemos perto e não conseguimos ultrapassar a linha de meta. Houve alguns pormenores, nomeadamente sobre as fórmulas relativas à libertação de prisioneiros e relativas à distância exacta das forças israelitas", afirmou Sullivan.
"Há progressos, a situação parece muito melhor do que anteriormente. Gostaria de agradecer aos nossos amigos americanos pelos enormes esforços que estão a desenvolver para garantir um acordo sobre os reféns", disse Saar.
Segundo o esboço do acordo, citado pela imprensa israelita, os primeiros três reféns serão libertados no primeiro dia de implementação do acordo. Uma semana depois, serão libertados mais quatro reféns e será permitido o regresso de muitos dos deslocados que se encontram no Sul do enclave ao Norte da Faixa de Gaza.
O acordo também inclui a manutenção do controlo israelita do chamado “corredor de Filadélfia”, uma “zona-tampão” que separa o enclave palestiniano do Sul da Península do Sinai, no Norte da fronteira do Egipto.
Entre os 1000 prisioneiros palestinianos que serão libertados das prisões israelitas estão incluídos cerca de 190 que cumprem penas de 15 anos ou mais. Segundo o Times of Israel, Israel estará a manter prisioneiros de perfil mais elevado, acusados de terrorismo, para usar como moeda de troca numa segunda fase negocial.
Para além da troca entre reféns e prisioneiros, Sullivan garantiu que o acordo negociado também permitirá "uma vaga de ajuda humanitária" a Gaza.
O único acordo de cessar-fogo alcançado e implementado pelas partes desde o início da guerra israelita na Faixa de Gaza, lançada no dia 7 de Outubro de 2023, em resposta a um ataque terrorista do Hamas, que fez 1200 mortos e cerca de 240 reféns, ocorreu em Novembro desse mesmo ano. Ao todo, segundo as autoridades no enclave, mais de 46 mil palestinianos foram mortos pelas forças israelitas na subsequente invasão e pelos ataques aéreos realizados sob várias zonas de Gaza.
Para além da pausa nas hostilidades entre 24 e 30 de Novembro de 2023, o Hamas libertou 50 reféns e Israel libertou 150 prisioneiros. Foi ainda permitida a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano.