Rendas subiram 7% em 2024, o maior aumento em 30 anos

A variação média anual do valor das rendas de habitação por metro quadrado foi de 6,98% em 2024, aumento que supera largamente a variação da inflação do conjunto de bens e serviços.

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Em 2024, houve vários protestos pelo direito à habitação Nuno Ferreira Santos
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As rendas habitacionais voltaram a acelerar o crescimento em 2024, prolongando uma tendência que já se verifica desde 2022. No ano passado, aumentaram praticamente 7%, o que representa o crescimento mais acentuado dos últimos 30 anos.

Os dados foram divulgados, nesta segunda-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, em Dezembro do ano passado, o valor das rendas de habitação por metro quadrado registou uma variação de 7,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Este foi o nono mês consecutivo em que se registou uma subida superior a 7%.

Fechado o ano, a variação média anual do valor das rendas de habitação por metro quadrado foi de 6,98% em 2024, um aumento que supera largamente aquele que tinha sido registado em 2023. É preciso recuar até 1994, altura em que as rendas tinham aumentado perto de 7,5%, para encontrar uma subida tão expressiva. Por outro lado, desde 2022 que as rendas habitacionais têm vindo a acelerar, sucessivamente, o ritmo anual de crescimento.

Este crescimento, indica ainda o INE, foi transversal a todo o país, não se verificando nenhuma região onde as rendas tenham registado uma quebra. Norte e Lisboa foram as regiões com os maiores aumentos, de 7,2% em ambos os casos.

Há ainda que ter em conta que o índice publicado nesta quarta-feira pelo INE considera o valor médio das rendas por metro quadrado de todos os contratos em vigor, e não o valor mediano das rendas de novos contratos de arrendamento, como acontece na análise trimestral mais aprofundada (com valores a nível municipal) que o instituto faz ao mercado de arredamento. Quando se consideram apenas os novos contratos, os aumentos têm sido ainda mais expressivos.

Rendas sobem muito acima da inflação

Tal como aconteceu durante o resto do ano, a habitação voltou, assim, a ser um dos sectores que mais contribuíram para a evolução da inflação ao longo de 2024, um movimento que, para além das rendas, também é explicado pelo aumento dos preços energéticos, incluídos na categoria de despesas com habitação.

"Em Dezembro, nas classes com maiores contribuições positivas para a variação homóloga do índice de preços no consumidor, destacam-se a dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas, da habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis e dos restaurantes e hotéis", pode ler-se no relatório publicado nesta manhã pelo INE.

Considerando o conjunto de 2024, a inflação da generalidade de bens e serviços registou uma variação anual média de 2,42%, um valor que fica muito abaixo dos crescimentos registados no segmento de habitação: o aumento anual médio de 6,98% verificado nas rendas é quase três vezes superior a este. Já a categoria de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis registou uma subida anual de 6,55%.

Dentro das subcategorias de despesas incluídas na habitação, as rendas habitacionais foram as que registaram a maior subida anual, superando a evolução dos preços da electricidade, gás e outros combustíveis, que aumentaram 6,57%, bem como do abastecimento de água e outros serviços relacionados com habitação, que subiram 5,92%.

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