Vai viajar em 2025? Eis como se tornar um turista “regenerativo”

Apoiar as economias locais, interagir com os residentes e participar nas suas actividades culturais são algumas das estratégias para um turismo mais sustentável, inclusivo e responsável.

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Em vez de se limitar a descansar numa esplanada, considere a possibilidade de apoiar um projecto local Paulo Pimenta
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No início de um novo ano, muitas pessoas escrevem as suas resoluções que visam o desenvolvimento pessoal e um melhor estilo de vida. É também uma altura em que muitos começam a pensar nas férias.

Mas já pensou em combinar as duas coisas? Poderá 2025 ser o ano em que decide ser um melhor viajante?

No entanto, em 2024, muitos turistas foram alvo de uma mensagem muito clara. Em alguns dos destinos de férias mais populares da Europa, incluindo Barcelona e Maiorca, registaram-se grandes protestos contra os efeitos negativos do turismo de massas.

A sobrelotação, os danos ambientais, a habitação a preços incomportáveis e a erosão cultural parecem ter levado as comunidades aos seus limites. Há uma grande exigência para tornar o turismo mais sustentável.

Talvez seja altura de os viajantes optarem por uma forma de viajar mais sensível e responsável.

Turismo “regenerativo”

O turismo “regenerativo”, por exemplo, tem como objectivo melhorar o bem-estar dos locais e das pessoas que neles vivem. Ao contrário do turismo de massas, que muitas vezes sobrecarrega os recursos e compromete a qualidade de vida dos residentes, o turismo regenerativo tem como objectivo retribuir, apoiando as economias locais, preservando as culturas e cuidando do ambiente.

Isto significa tratar as suas férias como algo mais do que uma escapadela pessoal. Em vez de se limitar a descansar numa espreguiçadeira, considere a possibilidade de plantar árvores num projecto de reflorestação ou de aprender artesanato tradicional com artesãos locais e participar em eventos culturais.

Dependendo do local, poderá haver a possibilidade de participar em programas comunitários que ajudem a reduzir a pobreza ou a melhorar a vida das comunidades indígenas. Estas acções podem capacitar aos habitantes locais e ajudar a criar um ambiente mais inclusivo.

Onde quer que vá, pode procurar experiências que ajudem a restaurar e a manter os locais que visita. Imagine, por exemplo, aprender técnicas tradicionais de sopro de vidro veneziano como forma de apoiar os artesãos que mantêm vivo este antigo ofício em Itália.

Exemplos pelo mundo

Na Espanha rural, poderá apoiar as comunidades locais em aldeias remotas, ficando alojado em casas de hóspedes de gestão familiar. Ou, na Bulgária, poderá participar em experiências gastronómicas “da quinta para a mesa” e visitar quintas biológicas no Vale da Trácia para ajudar a promover a produção alimentar local e a segurança alimentar.

Poderá haver eventos locais ou workshops em que possa participar, aulas de culinária que possa frequentar ou festivais culturais onde possa interagir com os residentes e apreciar a sua perspectiva.

Todos estes – e muitos outros exemplos – são oportunidades para os viajantes contribuírem para os locais que visitam, deixando um impacto positivo. Oferecem também ao viajante a oportunidade de estabelecer ligações pessoais e memórias inesquecíveis, proporcionando momentos para interagir directamente com os habitantes locais, fazer perguntas e aprender sobre a cultura, a história e as actividades comunitárias locais. Ser um hóspede agradável promove a boa vontade e reforça os laços entre os viajantes e os habitantes locais.

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As escolhas que fazemos sobre os nossos planos de viagem podem traduzir-se em impactos diferentes para os lugares que visitamos Blubel/Unsplash

O futuro das viagens

Estas ligações também fazem com que as férias não sejam apenas uma questão de diversão pessoal, mas algo mais profundo, com um efeito positivo nos locais que visitamos.

Por isso, ao percorrer os destinos idílicos para onde poderá decidir viajar em 2025, vale a pena perguntar-se se quer ser um turista passivo ou um viajante regenerativo que combina um sentido de curiosidade com um sentido de responsabilidade.

O turismo em 2025 será uma parte importante da economia de muitos países, mas nem todos estão satisfeitos com o sector e o seu impacto no mundo. No entanto, os consumidores podem mudar essa direcção.

As escolhas que fazemos sobre os nossos planos de viagem podem significar a diferença entre umas férias que contribuem para um legado de mudança positiva ou umas que perpetuam os problemas sociais e ambientais que o planeta e as pessoas enfrentam.

Ao olharmos para o futuro, a questão não é apenas saber para onde viajar nas férias, mas como viajar. Talvez 2025 possa ser o ano em que as suas aventuras inspirem a transformação, criando um futuro sustentável e inclusivo para o turismo. É uma resolução em que vale a pena pensar durante os próximos anos.


Exclusivo Azul/ The Conversation
Veselina Stoyanova é professora de Estratégia e Gestão Internacional na Universidade de Birmingham

The Conversation