Sete feridos em desordem com cidadãos estrangeiros na Rua do Benformoso

Informação foi avançada pela PSP. Quatro homens da mesma nacionalidade apresentaram-se na esquadra para pedir ajuda e dar conta da ocorrência.

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Rua do Benformoso em Lisboa Daniel Rocha/PUBLICO
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Não foi possível à Polícia de Segurança Pública (PSP) apurar, até ao momento, o que originou a desordem deste domingo na Rua do Benformoso, da qual resultaram sete feridos, e cujas imagens filmadas por outras pessoas foram sendo transmitidas por algumas televisões.

O episódio enquadra-se naquilo que motivou a operação policial de 19 de Dezembro, disse o subintendente Iúri Rodrigues, comandante da 1ª Divisão da PSP que diz que "o estado dos feridos não é considerado grave".

"A ocorrência de hoje enquadra-se nesse tipo de situação que envolve a posse de armas proibidas e agressões com armas", explicou ao PÚBLICO. "São situações que vão ocorrendo", acrescentou, sem especificar a periodicidade das mesmas.

A polícia foi informada directamente por quatro homens de nacionalidade estrangeira que se se dirigiram à esquadra desta divisão, junto ao Martim Moniz, poucos momentos depois da desordem.

"Apresentaram-se como vítimas de agressões, pelas 14h30 pouco depois dos desacatos", disse o responsável da divisão. "Sobre os motivos, não conseguimos adiantar nada. À partida são todos cidadãos da mesma nacionalidade."

Quando lá chegou, a PSP deparou-se com três outros feridos que foram conduzidos ao Hospital São José, sendo dois destes os que tinham sido atingidos por arma branca. Também foram usados paus e barras metálicas. "Quando lá chegámos, estava tudo calmo", disse ainda.

Barreira linguística e "confiança na PSP"

A barreira linguística dificultou esse esclarecimento por parte dos quatros homens, disse, porque "nem em inglês conseguem exprimir-se", explicou Iúri Rodrigues, sem deixar de assinalar que as pessoas se dirigiram à esquadra "porque confiam na polícia, ao contrário do que tem sido veiculado".

A polícia vai comunicar a ocorrência ao Ministério Público e reforçou o policiamento "no local da ocorrência e nas imediações" e também o incidente ocorrido à chegada da equipa da CNN.

"Foi uma situação fortuita, como aquelas que por vezes acontecem nos jogos de futebol por parte de alguém que estava no local e não queria jornalistas, mas que não terá nada a ver com a ocorrência", diz relativamente à forma agressiva como uma pessoa que estava na rua reagiu quando viu a equipa de jornalistas.

Controvérsia, indignação e justificação

A operação policial de 19 Dezembro gerou controvérsia e indignação junto de vários sectores da sociedade pela forma como dezenas de pessoas foram encostadas à parede durante mais de uma hora e imobilizadas mesmo depois de revistadas. Um dia depois, o comando metropolitano de Lisboa declarou em conferência de imprensa que a acção, com grande aparato, se justificara depois de várias participações de crimes com recurso a armas brancas. Nessa operação foram detidas duas pessoas, de nacionalidade portuguesa.

A acção motivou uma queixa junto da Provedoria de Justiça, por parte de várias associações da sociedade civil, subscrita por cerca de 700 pessoas, entre as quais deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre, para se “averiguar e apurar a legitimidade e proporcionalidade” da actuação policial.

No seguimento disso foi também convocada a manifestação "Não nos encostem à parede", que juntou no sábado à tarde milhares de pessoas em Lisboa contra o racismo e a xenofobia.

Notícia actualizada às 18h48 com declarações da PSP ao PÚBLICO

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