Os incêndios não são uma realidade desconhecida para nós, habituados a que, mal venha um tempinho sem chuva e o sol comece a aquecer, uma fagulha acende-se onde menos se espera e um fogo deflagra. Foi assim, esta semana, na Califórnia, onde há fortes incêndios que já roubaram a vida a pelo menos uma dezena de pessoas. Por aqui, no Ímpar, focámo-nos nas celebridades que perderam as suas casas — mais de cem mil pessoas foram obrigadas a sair da região —, mas no Azul, a nossa secção de Ambiente, é explicado como é possível haver fogos no Inverno

Os incêndios revelam que ninguém está a salvo da Natureza, que de nada vale ter propriedades no valor de milhões de dólares, que o fogo não se desvia dos seus portões e entra, cego e em fúria. Se assistimos à impotência de quem perde as suas casas, também assistimos à sua acção. Se uns nos mostram nas suas redes sociais como estão abalados e derrotados, outros revelam como depois de caírem é tempo de se levantarem, de preferência, mais fortes. Jamie Lee Curtis não só revelou que ia fazer uma doação no valor de um milhão de dólares, mas também apelou à solidariedade e à união"Vamos ter de nos unir, como talvez nunca o tenhamos feito antes, na Cidade dos Anjos e ajudarmo-nos uns aos outros."

A actriz não está sozinha. Entre outros, os duques de Sussex, que vivem a cem quilómetros do local da catástrofe, abriram a sua casa aos amigos que ficaram desalojados, estão a apoiar quem ficou sem nada através da Fundação Archwell e a colaborar com o chef José Andrés no projecto World Central Kitchen, que está a servir refeições tanto aos técnicos de emergência, como às vítimas dos incêndios.

Resta saber se, com a tragédia a bater às suas portas, a derrubá-las e a entrar, estas celebridades compreendem que não há planeta B e se tornam mais vocais em relação às alterações climáticas — esta semana, a Organização Meteorológica Mundial, a agência das Nações Unidas, confirmou que em 2024 a Terra ultrapassou o patamar dos 1,5 graus definido pelo Acordo de Paris —, embora, como bem focou a comediante Nikki Glaser, na cerimónia de abertura dos Globos de Ouro, infelizmente, nos dias que correm estas personalidades já não são assim tão ouvidas. Para quem não viu, Glaser (que desconhecia, mas fiquei fã) comentou entre risos e gargalhadas da plateia, como era bom estar ali, naquele meio: "Vocês são todos tão famosos, tão talentosos, tão poderosos... Vocês podem fazer qualquer coisa, excepto dizer ao país em quem votar... Mas está tudo bem, fica para a próxima! Se houver uma próxima... Estou cheia de medo."  

Há uma transferência de poder de quem pensa para quem diz umas coisas fáceis, conforme mostra a jornalista de moda do The Washington PostRachel Tashjian, que reflecte sobre as passadeiras vermelhas já não serem como antigamente. ​"Esta temporada de prémios parece estar prestes a reconfigurar a função da passadeira vermelha. Numa época em que os comentários nas redes sociais (reais ou não) podem arruinar a reputação de uma celebridade e em que os stylists de Hollywood suplantaram os editores de revistas como poderosos árbitros do gosto popular, que papel desempenha um vestido ou um smoking na passadeira vermelha?" Na madrugada de domingo para segunda, a jornalista Inês Duarte de Freitas acordou mais cedo para analisar e compilar o que se vestiu nos Globos de Ouro.

Uma tendência, que já não é assim tão tendência é a ida aos arquivos das casas de moda para ir buscar inspiração ou mesmo vestidos, como foi o caso de Ariana Grande, que envergou um vestido de Audrey Hepburn — duas actrizes com um ar frágil. O dar vida a peças antigas é uma forma de contribuir para preservar o planeta, essa e não comprar artigos de fast-fashion. Se o termo já é mau, o ultra fast-fashion é terrível, mas existe e aplica-se a plataformas como as chinesas Shein e Temu. Nesta semana, a moda, a exploração infantil e o recurso a trabalho forçado fizeram dois títulos: Trabalho infantil na produção de algodão "orgânico" para a Inditex, H&M e outras marcas e ​Shein não esclarece se utiliza algodão de Xinjiang onde há trabalho forçado.

Portanto, a moda não é só frou-frous, mas há um lado negro que combatemos ao não comprar. Ana e Isabel Stilwell comentam coisas aparentemente fúteis, as roupas, e como os avós querem ter uma palavra a dizer sobre o assunto. E partilham, na sua primeira crónica escrita pós-festas, como é que o filho mais novo de Ana começou a ler e como estar aborrecido é importante para crescermos. A professora Inês Ferraz dá algumas dicas aos pais para o regresso às aulas. E Isabel Stilwell explica o que acontece se alguém fizer uma queixa da sua família à CPCJ.

Catarina Menezes fala-nos sobre a importância de brincar, como a brincadeira contribui para crianças mais saudáveis, mais colaborativas, mais empáticas — tudo o que queremos e em que depositamos a nossa esperança: miúdos felizes e disponíveis para fazerem os outros felizes. E Madalena Sá Fernandes reflecte sobre as mil e uma actividades dos mais novos e como os pais ficam reféns destes. "A parentalidade, já por si associada ao sacrifício, leva-me a fazer quilómetros no meio destas zonas industriais, a engolir em seco e a pensar, dramaticamente: "É por elas." Um mantra que não é suficiente para abafar o eco de nostalgia de uma vida em que os fins-de-semana pertenciam aos adultos. Os meus fins-de-semana foram sequestrados por uma programação que me é totalmente estranha", escreve a cronista.

Por falar em actividades e programações, semanalmente Cláudia Alpendre Marques reúne actividades para fazer com os filhos e não está concentrada apenas na capital! Para fazer a sós, sem miúdos por perto, por exemplo, enquanto anda nas lides domésticas, há um novo podcast para ouvir, da autoria da radialista Inês Meneses e produção de Inês Bernardo: Cultas e Vinho Verde (adoro o título, não é preciso explicá-lo, certo?). O primeiro episódio é com a poeta Filipa Leal que fala sobre a importância de termos uma voz.

Algo que podemos trabalhar desde pequenos, ensinar os nossos filhos a gerir emoções e a pensar é um desafio imenso e a professora Elsa de Barros dá algumas pistas. Por exemplo, como falar sobre temas preocupantes como, lá está, as alterações climáticas? "Crescer a temer um presente assustador e a projectar-se num futuro sombrio não parece muito animador", diz. E, por isso, propõe a esperança, crescer com esperança

Boa semana!

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