Gonçalo Guerreiro foi o melhor em dia de abandonos portugueses no Dakar

Sétima etapa ditou a saída de cena de Luís Portela de Morais, Ricardo Porém e António Maio.

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Brasileiro Lucas Moraes venceu sétima etapa Gerard Laurenssen / EPA
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Gonçalo Guerreiro (Red Bull) foi o melhor piloto português na sétima etapa da 47.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, que se disputa até dia 17 na Arábia Saudita. Uma etapa "madrasta" para três portugueses, com os abandonos de Luís Portela de Morais (GRally), Ricardo Porém (MMP) e António Maio (Yamaha).

O piloto da equipa júnior da Red Bull terminou na 30.ª posição da geral, quarto da categoria Challenger, de veículos ligeiros, a 30m51s do vencedor, o brasileiro Lucas Moraes (Toyota) e imediatamente à frente de João Ferreira (Mini X-Raid), que foi 31.º.

Nos Challenger, Gonçalo Guerreiro foi quarto, a 4m46s do vencedor do dia, o norte-americano Cobin Leaverton (Red Bull), e manteve o segundo lugar da classificação da categoria para protótipos entre os veículos ligeiros.

Luís Portela Morais (GRally), da mesma categoria, foi forçado a desistir com problemas mecânicos logo após a partida de uma etapa com 419 quilómetros cronometrados, em redor de Al-Duwadimi.

"É um sentimento de enorme frustração de incapacidade que nem sei descrever. O mais importante é que eu e o [navegador] David Megre estamos bem e fizemos tudo para continuar", escreveu Portela de Morais nas redes sociais.

Também Ricardo Porém (MMP) se viu fora de prova, depois de ter tido problemas mecânicos na etapa da véspera. O piloto de Leiria chegou ao acampamento só esta manhã, já com a sétima etapa em andamento.

Rui Carneiro (GRally) foi nono, Mário Franco (Franco Sport) 12.º e Maria Luís Gameiro (X-Raid) 35.ª. Na geral, Gonçalo Guerreiro é segundo classificado, a 30m37s do líder, o argentino Nicolas Cavigliasso (BBR), Mário Franco é 18.º, Maria Luís Gameiro 28.ª e Rui Carneiro 34.º.

Nos SSV, para veículos ligeiros derivados de série, o melhor representante nacional foi João Monteiro (South Racing), na quinta posição, a 13m34s do vencedor, o argentino Jeremias Ferioli (Can-Am). João Dias (Santag) foi 11.º e Alexandre Pinto (Old Friends) o 12.º.

Na geral, Pinto mantém o quarto lugar, a 2h39m29s do comandante, o norte-americano Brock Heger (RZR). João Monteiro é 10.º, apesar dos problemas eléctricos sofridos nas primeiras etapas. João Dias é 24.º.

Já na categoria principal dos automóveis, a Ultimate, o único representante nacional, João Ferreira teve um dia menos positivo depois do segundo lugar da véspera.

O piloto natural de Leiria, de 25 anos, era o segundo a partir para a pista, pelo que sentiu mais dificuldades de navegação, até porque a etapa tinha percursos diferentes para os carros e as motas.

A somar a isso, um erro no roadbook [livro com as indicações do percurso] fornecido pela organização fez com que cerca de uma dezena de concorrentes andassem algum tempo perdidos por volta do quilómetro 150. A organização acabou por reconhecer o erro e devolver o tempo perdido.

Lucas Moraes venceu com 7m41s de vantagem sobre o sueco Mattias Ekstrom (Ford) e 9m28s sobre o norte-americano Mitchel Guthrie (Ford). João Ferreira perdeu 30m55s mas mantém o nono lugar. O português está a 1h58m25s do líder, o sul-africano Henk Lategan (Toyota), que viu os adversários aproximarem-se. O saudita Yazeed Al-Rajhi (Toyota) está a apenas a 21 segundos, e Ekstrom a 10m25s. Al-Attiyah é o quarto, a 21m57s.

António Maio abandona após aventura

Nas motas, o australiano Daniel Sanders (KTM) voltou a vencer uma etapa, a quarta deste ano, incluindo o prólogo. Rui Gonçalves (Sherco) foi o melhor português, na oitava posição, a 8m46s de Sanders. Outro herói do dia foi o espanhol Edgar Carnet (KTM), estreante de apenas 19 anos, que terminou na segunda posição, a 3m36s de Sanders. O espanhol Tosha Schareina (Honda) foi terceiro, a 3m47s.

Bruno Santos (Husqvarna) foi 37.º num dia em que se viu confirmado o abandono de António Maio, devido a problemas na embraiagem da sua Yamaha no decurso da sexta etapa.

"Não era isto que eu queria dizer, mas de facto esta aventura para nós terminou. A etapa de ontem era mesmo muito longa e começou logo com uma avaria ao quilómetro dois, com uma vela partida. O Mário Franco trouxe-me a vela, mas quando ele chegou já tinham passado bem mais de duas horas. Parti e o receio passou a ser terminar a etapa de noite. Tentei vir o mais rápido possível e estava a rolar bem quando, por volta do km 550, já de noite e a faltarem 50 para terminar a especial, fiquei sem embraiagem. No meio do nada onde eu estava, não havia nada a fazer e começou a outra parte da aventura", contou António Maio esta manhã depois de ter chegado a Al Duwadimi.

O piloto alentejano, militar da GNR, teve de passar a noite no deserto saudita, só conseguindo regressar ao acampamento esta manhã.

"Um helicóptero atirou-nos um saco de comida e água, para mim e para um indiano que também tinha ficado próximo. Tivemos de procurar os mantimentos de noite e encontramos tudo espalhado no meio das dunas. Depois foram mais duas horas à espera do camião vassoura. Seguiram-se mais de 16 horas no camião à procura de caminho para aqui, no meio daquelas dunas. Foi uma noite sem dormir nada, mas já cá estou, a mota já aqui está", contou ainda.

Na geral, Sanders tem 15m33 minutos de vantagem sobre Tosha Schareina, da equipa Honda gerida pelo português Ruben Faria, e 26m07s sobre o francês Adrien Van Beveren, também da Honda.

Rui Gonçalves subiu a 13.º, a 2h21m38s. "Foi mais um dia longo, mas senti-me bem desde o início, com um ritmo muito rápido em algumas secções. Também houve muita navegação, pelo que era essencial manter-me concentrado", disse o piloto transmontano, que rodou "sozinho na maior parte do tempo".

Nos camiões, o lituano Vaidotas Zala (Iveco), navegado pelo português Paulo Fiúza, foi segundo classificado, a 9m34s do vencedor, o checo Ales Loprais (Iveco). Na geral, Fiúza é oitavo. Esta segunda-feira, os pilotos enfrentam 739 quilómetros entre Al-Duwadimi e Riade, capital da Arábia Saudita, 487 deles cronometrados.

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