Linha de prevenção do suicídio começa a funcionar ainda no primeiro trimestre do ano

Ministério da Saúde já contratou os 110 psicólogos que vão assegurar o atendimento. Linha é gratuita e vai funcionar “24 horas por dia, todos os dias do ano”, através do número 1411.

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Ministério da Saúde sublinha que “a saúde mental é uma das áreas prioritárias de actuação do actual Governo, em especial a prevenção do suicídio” Nuno Ferreira Santos
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Os psicólogos que vão trabalhar na linha gratuita de prevenção do suicídio e aconselhamento psicológico, anunciada pelo Governo em Setembro de 2024 e que deverá iniciar o seu funcionamento ainda durante o primeiro trimestre deste ano, já foram contratados. Até estar na rua, os 110 psicólogos que vão assegurar o atendimento da linha vão ter uma formação específica, com a duração de três semanas e que se vai iniciar no final deste mês, de acordo com a informação avançada ao PÚBLICO pelo gabinete de comunicação do Ministério da Saúde. Ao PÚBLICO, a psiquiatra Ana Matos Pires evidencia a importância da medida: “Era uma luta de quem trabalha nesta área, já de há muitos anos”.

“As coisas estão a progredir no bom sentido”, garante a psiquiatra, também membro da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, organismo que integra o grupo de trabalho criado para a implementação da linha, a par dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Já o Ministério da Saúde sublinha que “a saúde mental é uma das áreas prioritárias de actuação do actual Governo, em especial a prevenção do suicídio”.

A linha terá quatro dígitos, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde, e estará disponível “24 horas por dia, todos os dias do ano”, através do número 1411 (já aprovado pela Anacom), adianta o Governo. “O grupo já desenvolveu os algoritmos e as especificações técnicas para a linha” de prevenção do suicídio e aconselhamento psicológico.

Por seu turno, Ana Matos Pires alerta que, como se trata de uma linha de prevenção, “os resultados não se vêem no imediato”. “Para mim, não é assim tão importante se a linha está na rua em Janeiro ou em Fevereiro. Isto é uma linha de prevenção do suicídio, que é felizmente um comportamento raro, não é uma resposta que vá ter consequências imediatas. As consequências deste tipo de intervenção vão ver-se a médio e longo prazo”, reitera.

“A linha deverá estar regulamentada nos próximos meses, entrando em funcionamento no primeiro trimestre de 2025”, garante ainda a tutela. Até ser conhecida esta legislação fica ainda por saber qual será o encaminhamento dado aos cidadãos que façam um contacto com a linha, por exemplo.

A criação deste mecanismo vai ao encontro de uma das recomendações da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) que, em Julho de 2024, num contributo científico divulgado a propósito do Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, pediu a implementação de uma linha nacional integrada na Linha SNS24, a par de outras medidas como a criação de mecanismos de segurança em locais de risco. Este organismo lembrou, no documento, que o suicídio é “a quarta causa de morte mais frequente em jovens com idades entre os 15 e os 29 anos”.

A sua implementação está na alçada da secretária de Estado da Saúde Ana Povo, que, à data do anúncio do serviço sublinhou: O suicídio é hoje uma das principais causas de morte na população com menos de 70 anos e, se olharmos para a população mais jovem, é ainda mais a causa de morte. Isto é uma preocupação”.

Cada vez mais menores de 16 anos com problemas emocionais e alguns que manifestam o desejo de desaparecerestão a procurar o serviço SOS Voz Amiga, uma situação recente que deixa quem está do outro lado da linha sem chão. O alerta foi feito à agência Lusa pelo presidente da linha de prevenção do suicídio SOS Voz Amiga, Francisco Paulino, em Outubro último.

Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, em 2021, registaram-se 8,9 suicídios por 100 mil habitantes, valor que subiu para 9,9 em 2022. Entre os 15 e os 24 anos, a taxa de mortalidade por lesões autoprovocadas intencionalmente por 100 mil habitantes passou de 3,2, em 2021, para 4,9 no ano seguinte, revelou o Jornal de Notícias.

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