Montenegro diz em frente a Marques Mendes que candidato presidencial do PSD “está perto”
Líder social-democrata falou também sobre as autárquicas do próximo Outono para garantir que o PSD “não vai ter candidaturas de amigos”.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse este sábado em Ovar que a solução de apoio do PSD a um candidato presidencial "está perto", num auditório em que Luís Marques Mendes estava sentado na primeira fila, provocando risos na plateia.
"Não é assunto para nos preocupar. Não é assunto para provocar, aqui, nenhuma intranquilidade. Sabemos que a solução está perto", disse Luís Montenegro sobre o apoio do PSD a um candidato presidencial, provocando risos na plateia do 5.º Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas, que antes tinha recebido o antigo presidente do PSD Luís Marques Mendes com uma ovação de pé.
O líder do PSD prosseguiu, garantindo que a candidatura apoiada pelo PSD "será uma boa solução, vai mobilizar o país e vai dar ao país aquilo que o país precisa, que é ter, na Presidência da República, alguém que modere os poderes soberanos, que garanta a relação da política com a sociedade e não nenhum projecto pessoal ou político-partidário".
Antes de sinalizar que a solução do PSD estava perto, Luís Montenegro já tinha dito que o partido definiu uma estratégia, com a moção de estratégia apresentada no congresso de Braga que indicava que o candidato devia ser um militante do partido, e vai "executá-la".
"Temos a plena confiança de que apesar destas eleições serem eleições eminentemente unipessoais, dependentes da vontade de cada candidato se apresentar a sufrágio, de apresentar as suas ideias, de apresentar o seu projecto, estamos muito tranquilos", garantiu o também primeiro-ministro. Assim, Luís Montenegro garantiu que o PSD não vai "deixar de ter um candidato" da sua área política e do seu partido.
Também este sábado, questionado pelos jornalistas em Ovar, Marques Mendes recusou-se a falar sobre a sua eventual candidatura à Presidência da República, tendo acrescentado que hoje "já tinha falado de mais".
Em Outubro, no congresso do PSD em Braga, questionado várias vezes sobre se iria anunciar a decisão sobre uma candidatura à Presidência da República, o ex-líder do PSD não respondeu, remetendo para 2025 a decisão. “Quero sublinhar que a candidatura presidencial é uma decisão individual, às vezes quase solitária, e sobre essa matéria eu falarei, sem dúvida, quando tomar uma decisão em 2025”, apontou.
Montenegro rejeita "candidaturas de amigos" nas autárquicas
O líder social-democrata assegurou que o PSD "não quer" e "não vai ter candidaturas de amigos" nas eleições autárquicas do Outono deste ano, pedindo candidaturas "daqueles que estão em melhores condições": "O PSD não quer, não vai ter, candidaturas de amigos. Vai ter candidaturas daqueles que estão em melhores condições de servir o interesse das respectivas populações."
O presidente do PSD garantiu que não irá "adulterar" a base programática do partido, mas admitiu que esta será "adaptada, em cada município, em cada freguesia, à realidade local, às potencialidades e às capacidades de cada comunidade". "Estaremos sempre do lado das melhores ideias, das melhores soluções, dos melhores candidatos, das melhores equipas, privilegiando a qualidade e a competência", vincou.
Porém, assegurou que o PSD não fechará a porta "àqueles que não são do PSD" e abrirá as candidaturas "aos melhores e aos mais dinâmicos". Assim, Luís Montenegro pediu aos autarcas social-democratas, "agora que está a chegar o momento decisivo da escolha dos candidatos, da formação das equipas, da decisão do projecto, que não deixem de ter em linha de conta, sempre, em primeiro lugar, o interesse das populações, o interesse colectivo".
Marques Mendes quer mais estabilidade
Também presente no encontro de autarcas do PSD, o comentador político Luís Marques Mendes disse que Portugal precisa de potenciar as condições que vive actualmente de estabilidade, credibilidade e atractividade, para resolver as questões da pobreza, nomeadamente daquilo que chamou de pobreza empregada.
"Nós precisamos de potenciar, consolidar, desenvolver aquilo que temos de estabilidade, credibilidade e atractividade, para resolver as questões da pobreza envergonhada, dos sem-abrigo, da pobreza em geral, sobretudo da habitação que é dos maiores dramas da sociedade portuguesa."
Marques Mendes começou por recordar que foi autarca pela primeira vez aos 19 anos, tendo desempenhado o cargo de vereador e vice-presidente da Câmara de Fafe, entre 1977 e 1985. "Desde esse momento fiquei com a ideia que ser autarca numa freguesia ou município é sacerdócio e verdadeiro serviço público", afirmou o antigo presidente do PSD.
No seu discurso, Marques Mendes realçou que face aos desafios que a Europa enfrenta actualmente, Portugal vive "um tempo de excepção", sendo, ao contrário de muitos países europeus, um país com estabilidade, além de ser "altamente credível" e beneficiar de uma tendência de atractividade.