Rali Dakar: Não sou apenas uma das “rookies”, sou também das poucas não-profissionais

Até dia 17, há muito caminho para correr. Maria Luís Gameiro mantém o seu ritmo com o objectivo de chegar ao final: “A etapa de amanhã vai voltar a pôr à prova a nossa resistência, física e mental.”

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Este sábado, foi manter a “política da cautela”, com reflexos na classificação final PAVOL TOMASKIN
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  • Maria Luís Gameiro está a participar no Rali Dakar na Arábia Saudita e vai relatando na Fugas a sua experiência em cada etapa

É sabido que toda esta segunda metade do Dakar vai ter etapas mais longas, não apenas de sectores seletivos, mas também de ligações. Este sábado, porém, enfrentámos a mais longa de todas, com um pouco mais de 600 quilómetros ao cronómetro, e 220 de ligação. Foi muito exigente, mas cá estou eu, e de sorriso nos lábios.

Acho que finalmente encontrámos o ritmo que melhor nos serve. Sabemos que não estou “autorizada” a exigir um ritmo mais forte. Sabemos que, no sentido de evitar problemas (que nunca sabemos se são ou não resolúveis), o melhor é mesmo manter uma toada mais “soft”, mas que nos garanta chegar ao final. Essa é a nossa meta diária. Tudo o resto chega por acréscimo.

Hoje conseguimos fazer valer esta “política da cautela” e isso refletiu-se na classificação final. Garantimos o 28º lugar na categoria Challenger e esta foi, afinal, a nossa melhor posição numa etapa neste Dakar. Estou contente por tudo: o resultado é positivo, o carro esteve consistente e eu e Zé estamos bem fisicamente. Se pensarmos que cumprimos um dia com mais de 900 quilómetros de etapa e no qual estivemos mais de 12 horas dentro do carro, esta etapa foi cumprida com êxito.

Tenho pensado muitas vezes na forma como estou a gerir esta minha estreia no Dakar, fazendo, obviamente, uma comparação com as outras mulheres em prova. A verdade é que face a todas elas, eu tenho diversos “handicaps” que, entretanto, até já foram motivo de conversa (e muita brincadeira) entre nós: eu não sou apenas uma das “rookies”, uma das principiantes, do pelotão, sou também das poucas “não-profissionais” de corridas. Divirto-me muito e alimento diariamente esta minha paixão pelo automobilismo, mas subir de nível terá, consequentemente, outras exigências...

A etapa de amanhã vai voltar a pôr à prova a nossa resistência, física e mental. São mais 400 quilómetros de especial e quase 300 de ligações num “loop” de ida e volta a Al Duwadimi. Pelo facto de motos e carros cumprirem pistas diferentes, a etapa será mais favorável em termos de horários. Arrancamos mais cedo para a especial e, isso, deverá significar que, se não houver problemas, também chegamos mais cedo ao bivouac (acampamento). O desafio vai voltar a ser o final de etapa, que terá, mudanças de piso constantes.

Face a tudo aquilo que já passámos, espero conseguir fazer uso do que já aprendi até aqui...


A autora escreve segundo o acordo ortográfico

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