Sporting-Benfica parte II: em busca das melhores versões

Quase duas semanas depois do último confronto, “leões” e “águias” decidem neste sábado em Leiria quem fica com a Taça da Liga.

Foto
Rui Borges e Bruno Lage durante o treino
Ouça este artigo
00:00
04:49

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Dezasseis anos. Foi o tempo que passou desde que Sporting e Benfica se defrontaram pela primeira vez na final da Taça da Liga (em 2009). Catorze dias. É o tempo que separa o último confronto entre “leões” e “águias” da final deste sábado, em Leiria (19h45, SIC), de novo com os rivais de Lisboa na discussão de um título que, para efeitos de marketing, ficou carimbado como “Campeão de Inverno”. Goste-se, ou não, do epíteto, a verdade é que um título é um título e é sempre melhor ganhá-lo do que perdê-lo. O Sporting vai querer dar seguimento às boas sensações em jogos grandes com o novo treinador, o Benfica, que está com um pé na crise e outro na retoma, quer ser estável nos bons resultados.

Esta é a terceira vez que Sporting e Benfica se defrontam na decisão da Taça da Liga. A mais recente aconteceu em 2022, em que os “leões venceram com reviravolta, por 2-1. A primeira foi no longínquo ano de 2009, com um triunfo benfiquista nos penáltis depois de um polémico 1-1 no tempo regulamentar – fruto de um penálti que não existiu a favor das “águias” e com expulsão do lateral sportinguista Pedro Silva. Incrivelmente, há um jogador que esteve nessa final em Faro que volta a estar nesta decisão em 2025, Angel di María, na altura um jovem promissor a dar os primeiros passos no futebol europeu, agora uma “estrela” de primeira grandeza.

Essa final foi há 16 anos e, tirando Di Mariía, é pouco relevante para o presente. Mais importante para projectar o que poderá ser a final desde sábado é o derby que aconteceu há 14 dias, em que o Sporting, em plena crise de identidade, conseguiu ganhar na estreia no seu terceiro treinador da época, Rui Borges: 1-0 em Alvalade, com golo de Catamo. E o Benfica, que se julgava consistente nos bons resultados, deu meio jogo de avanço e já não conseguiu recuperar, com a crise a ter prolongamento na Luz, com nova derrota em contornos semelhantes frente ao Sp. Braga.

É claro que, entretanto, os “leões” de Rui Borges já empataram (4-4) com o Vitória de Guimarães antes de vencerem o FC Porto na primeira meia-final. E a “águia” de Bruno Lage fez grande prova de vida ao bater, por 3-0, o Sp. Braga para poder aceder ao jogo do “Campeão de Inverno”. Por isso é que este talvez seja o derby mais imprevisível dos últimos tempos, em que ninguém quer assumir favoritismo, nem próprio, nem do adversário.

Os próprios treinadores dizem as palavras certas nestes momentos, “consistência”, “exigência”, “dinâmica” ou “atitude” – é o que esperam. Mas é o jogo que vai ditar a sua lei. O Sporting tanto pode aparecer na sua melhor versão com Rui Borges (primeira parte do jogo com o Benfica, segunda parte do jogo com o FC Porto), ou na pior (últimos 20 minutos em Guimarães). O Benfica tanto pode ser igual ao jogo da meia-final com o Sp. Braga (a melhor versão), ou a equipa das primeiras partes dos dois jogos antes desse (a pior).

Um título ao quarto jogo?

Para Rui Borges, este início no banco do Sporting tem sido intenso e sem tempo para respirar. Este será apenas o seu quarto jogo com os “leões”, mas já se pode orgulhar de ter batido os dois principais rivais (pelo meio, empatou com a ex-equipa) e este pode bem ser o primeiro título na carreira do treinador de Mirandela. É provável que a sua melhor versão incluísse Morita, mas o médio japonês não está disponível para o jogo (tal como os lesionados de longa duração Pedro Gonçalves, Nuno Santos e Bragança) e Borges terá de ser criativo.

“Não me agarro à dificuldade. Começamos sempre com 11 jogadores, vamos ser competitivos e manter a ambição e coragem que temos tido. Há alguma sobrecarga e temos de saber adaptar-nos às dificuldades”, reconheceu o técnico. Aconteça o que acontecer, acrescentou, o cansaço nunca poderá ser desculpa: “Numa final é tudo diferente, seja para o treinador ou os jogadores, mas queremos sempre ganhar. Numa final não pode haver cansaço, tem de haver vontade de acrescentar títulos.”

O jogo 100 de Lage

Bruno Lage já sabe o que é conquistar títulos no Benfica. Pegou na equipa a meio da época 2018-19 e foi campeão, dando seguimento a essa conquista com a Supertaça, num jogo em que bateu o Sporting, por 5-0, mas a Taça da Liga tem sido uma pedra no sapato – em 2018-19 perdeu nas meias-finais com o FC Porto e em 2019-20 teve três empates na fase de grupos e não passou daí. Esta final tem a carga simbólica de ser o 100.º jogo do técnico setubalense no banco “encarnados” e que pode bem dar-lhe mais um troféu.

“É um jogo especial por ser uma final, o que queremos é conquistar títulos”, garantiu Lage, que deixou de lado toda e qualquer pergunta sobre o passado nada distante em que o Benfica perdeu dois jogos consecutivos e viveu sob nuvens muito negras: “Sobre o estado anímico, vou dizer o que disse no último jogo: não temos tempo para olhar para trás, temos de estar sempre preparados para o jogo seguinte.”

Sugerir correcção
Comentar