Foram comunicadas à Câmara Municipal de Lisboa duas manifestações para este sábado, à mesma hora, em Lisboa. Uma para protestar contra a acção policial do dia 19 de Dezembro na Rua do Benformoso, denominada “Não nos Encostem à Parede” – que começa pelas 15h na Alameda e termina no Martim Moniz –, e uma vigília promovida pelo Chega sob o lema “Pela autoridade e contra a impunidade”, que terá lugar na Praça da Figueira.

Em resposta ao PÚBLICO, a PSP disse que teve em conta o facto de serem duas manifestações de ideologias antagónicas e que está preparada para impedir “acções hostis e de violência” em ambas as manifestações. “À semelhança das inúmeras manifestações que a PSP acompanha, protege e garante que decorrem em segurança e dentro da normalidade, também amanhã a PSP irá desenvolver a sua acção”, lê-se na resposta.

Em primeiro lugar, a PSP diz que pretende garantir “o livre exercício do direito de reunião e manifestação" e, em segundo lugar, garantir que não haja “quem prejudique ou que se oponha a este livre exercício de reunião e manifestação, prevenindo e limitando comportamentos que, nos mesmos termos desse mesmo direito, são proibidos, nomeadamente o uso da violência”.

Neste propósito, acrescenta a mesma força de segurança, esteve reunida “com os promotores das manifestações, sensibilizando-os para questões de protecção e segurança das acções e de quem nelas intervier, produzindo uma análise e avaliação do risco, que permita um planeamento operacional o mais detalhado e concreto possível, de forma a impedir acções hostis e de violência, mesmo que as referidas manifestações defendam interesses e posicionamentos ideológicos antagónicos, como será o caso amanhã”.

Sublinha a PSP que “efectuou a sua avaliação e análise do risco, tendo-se já articulado no sentido de alertar as organizações das referidas manifestações para os limites que a lei impõe, tendo também já o seu planeamento pronto no sentido de garantir que não haja qualquer constrangimento à realização das manifestações”.

Neste sentido, a PSP refere que vão ser mobilizadas para as duas manifestações diversas valências do Comando Metropolitano de Lisboa, com o apoio permanente de meios da Unidade Especial de Polícia.

Ao que o PÚBLICO apurou, é a manifestação “Não nos Encostem à Parede” – convocada por várias associações cívicas contra o racismo e a xenofobia após a intervenção policial que encostou dezenas de imigrantes contra a parede na Rua do Benformoso, em Lisboa, e que motivou um pedido de intervenção à provedora de Justiça para averiguar e apurar legitimidade e proporcionalidade da operação policial – que está a suscitar mais preocupação às autoridades devido ao facto de o grupo Habeas Corpus e o partido Ergue-te terem decidido participar nela.

Aliás, nas redes sociais, o ex-juiz Rui Fonseca e Castro, líder das duas organizações de direita ultranacionalista e radical, fez um vídeo em que apela à participação na manifestação, alegando que também é contra o racismo. Num outro vídeo, mostra até os cartazes que pretende levar e onde se lêem as seguintes frases: “Racismo é não termos segurança no nosso país” e “Racismo é não haver emprego para os portugueses”.

Também o partido ADN fez saber que colocou um outdoor no Martim Moniz, acompanhado por centenas de pendões espalhados pela zona, "com o objectivo de expressar apoio às acções policiais realizadas recentemente, incluindo a operação na Rua do Benformoso, e a todas as intervenções futuras destinadas a garantir a segurança e a ordem pública em Portugal".

O partido diz que a mensagem do outdoor "é de apoio às acções da PSP e pelo fim da imigração ilegal", defendendo "a importância de uma actuação firme das autoridades no combate à criminalidade associada à imigração ilegal e na preservação da tranquilidade das nossas comunidades".